Estádio da Luz, Lisboa, 24 de maio de 2014, final da Liga dos Campeões. Estavam decorridos três minutos dos descontos após os 90′ e a derrota do Real Madrid parecia certa, frente ao rival Atlético, que vencia então por 1-0. Porém, na sequência de um pontapé de canto, Sérgio Ramos cabeceou para o 1-1, tornando-se o herói de um jogo em que os merengues arrasaram no prolongamento (4-1).

E foi este herói que disse, esta quinta-feira, adeus ao Real Madrid, depois de 16 anos a servir os blancos. Foram 671 jogos, 101 golos, quatro Ligas dos Campeões e Mundiais de Clubes, três Supertaças Europeias, cinco títulos espanhóis e quatro Supertaças Espanholas. Um palmarés de luxo para o jogador, que não conseguiu chegar a acordo com o clube para a renovação do contrato. Tudo porque a oferta caducou…

O dinheiro nunca foi um problema e o presidente [Florentino Pérez] sabia que não era um problema económico, mas de anos. Ofereciam-me um ano e eu queria dois, queria continuidade para a minha família. Nas últimas negociações digo que aceito e respondem-me que já não há oferta”, afirmou Ramos, explicando ainda que a proposta tinha por base uma redução salarial, o que “não era um problema”.

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O defesa espanhol, que falhou o Euro 2020, reconhecido por adeptos e adversários como um jogador por vezes duro e muito intenso, não conteve as lágrimas, mas não foi por isso que amoleceu nas respostas aos jornalistas, abrindo totalmente o jogo. Em vez de Messi, Suárez, Salah ou João Félix, Sergio Ramos teve pela frente perguntas complicadas sobre, por exemplo, arrependimentos. “Quando alguém compra a marca Sergio Ramos é com as virtudes e os defeitos. Gosto de ser sempre eu. A relação com o presidente foi extraordinária, de pai e filho, e estarei eternamente agradecido. Trouxe-me para o Real Madrid e não vou fazer nenhuma declaração contra ele porque nas famílias também existem disputas e cada um tem de zelar pelos seus interesses. Os mal entendidos ficam no passado. Não quero confrontações mas vou contar a verdade”, frisou.

Sobre o futuro, até já se falou do Barcelona. Mas Ramos é claro: “é um não tão grande quanto o Bernabéu“. Assim, e mesmo que Sergio Ramos e Real Madrid façam parte de um “matrimónio perfeito”, resta ao internacional espanhol seguir em frente, “à procura de felicidade, de render o máximo e acrescentar mais títulos ao palmarés”.

Garantindo que se trata de um “até já”, Sergio Ramos afirmou tratar-se de um “dos momentos mais difíceis” da sua vida. “É inevitável emocionar-me. Gostaria de me ter despedido no nosso estádio, no Santiago Bernabéu. Fecha-se aqui uma etapa maravilhosa e única na minha vida. Obrigado a todos e não é um até sempre, mas um até já, porque voltarei”, frisou.

Sergio Ramos recebeu das mãos de Florentino Pérez uma insígnia de homenagem. Para o presidente merengue, as coisas são também claras: “Serás para sempre um dos nossos grandes capitães. Hoje todos os madridistas e eu em especial agradecemos-te por teres aumentado a lenda do clube, para que este seja ainda mais admirado em todo o Mundo. Uma lenda como tu será sempre um dos grandes embaixadores do Real Madrid”.

O jogador espanhol chegou à capital espanhola em 2005, vindo do Sevilha. Os merengues gastaram, na altura, quase 30 milhões de euros na sua contratação.