As eleições para a Mutualista Montepio, previstas para até ao final do ano, devem contar com quatro listas diferentes no boletim de voto, apurou o Observador. Além da lista incumbente, liderada por Virgílio Lima, deverá haver uma segunda lista que corresponde à “lista B” das últimas eleições, uma lista com alguns membros associados ao PCP e, ainda, uma lista que reúne alguns atuais quadros. Vão participar nestas eleições nomes como os da ex-deputada bloquista Ana Drago e o histórico socialista Luís Patrão. Diogo Lacerda Machado será também uma hipótese. Mas todos estarão em listas diferentes.

Até ao final desta quarta-feira estas listas deverão ficar definidas, já que termina o prazo para a entrega das listas à ASF para que este supervisor financeiro faça uma avaliação prévia da idoneidade dos candidatos. Já era conhecido que Virgílio Lima, que herdou a presidência de Tomás Correia a meio do mandato em curso, se iria candidatar.

A partir daí, a dúvida ao longo dos últimos meses era quantas listas concorrentes se apresentariam – e todos os “opositores” estiveram a negociar eventuais posições conjuntas para centralizar uma candidatura de oposição. Esses esforços não chegaram a bom porto, à beira de uma data importante que é a entrega (preliminar) das listas à ASF.

Ainda assim, Virgílio Lima conta na sua lista com nomes de peso. É o caso do socialista Luís Patrão – antigo presidente do Turismo de Portugal e ex-chefe de gabinete dos primeiros-ministros António Guterres e José Sócrates.

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Até setembro, é possível que haja fusões de listas (ou, em teoria, mais divisões) e o supervisor não exclui avaliar mais algum nome que entre. Porém, é neste ponto que está a movimentação das peças com vista ao ato eleitoral.

Ao que o Observador apurou, haverá uma segunda lista que corresponde, basicamente, aos membros da lista B que se apresentou às eleições de 2018 – envolvendo nomes como Fernando Ribeiro Mendes e Miguel Teixeira Coelho (dois ex-administradores da mutualista). O líder dessa lista, porém, deverá ser Pedro Corte Real, um académico que conta no seu currículo, por exemplo, a presidência do Instituto de Informática da Segurança Social e, também, foi diretor no INE (Instituto Nacional de Estatística).

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Este grupo está há longuíssimos meses em conversações com uma ala que inclui vários membros ligados ao Partido Comunista Português, com figuras como o economista Eugénio Rosa e Carlos Areal. Estas duas alas foram partilhando várias iniciativas de oposição à atual administração mas, chegada a hora de apresentar as listas preliminares à ASF, a opção tomada foi por uma ida às urnas em separado (como já tinha acontecido em 2018, até certo ponto).

Eugénio Rosa seria o líder dessa lista mas juntam-se nomes mais jovens como Ana Drago, ex-deputada do BE, e Tiago Mota Saraiva, militante do PCP.

Quem também esteve envolvido nestas negociações mas deverá acabar, também, por seguir o seu próprio caminho é a chamada “lista de quadros”, que inclui nomes como o atual presidente da Montepio Crédito Pedro Gouveia Alves e Pedro Líbano Monteiro, presidente da Montepio Valor (nenhum dos quais deverá tentar a presidência). A estes poderá juntar-se um dos membros da atual administração, Luís Almeida, muito próximo de Tomás Correia.

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Há, porém, limitações estatutárias à percentagem de candidatos à mutualista que podem pertencer ao banco, pelo que será necessário envolver mais nomes. Nos corredores fala-se, apurou o Observador, da possibilidade de entrar para esta lista o nome de Diogo Lacerda Machado, para administrador não-executivo, conhecido por ser muito próximo do primeiro-ministro e que foi envolvido por António Costa em dossiês complexos como a TAP e os chamados “lesados do BES”.

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