Wembley recebeu esta terça-feira um “daqueles” jogos, os que fazem os fãs ir ao estádio e os adeptos do futebol pararem frente à televisão: um Inglaterra-Alemanha na fase a eliminar. E com a história a falar em equilíbrio – 13 vitórias para cada lado em 32 jogos –, as equipas não quiseram destoar da tendência.

As últimas três grandes decisões (Itália 1990, Inglaterra 1996 e África do Sul 2010) caíram para o lado alemão e foram os rapazes da Mannschaft a entrar melhor no encontro. Aos 15′ os ingleses foram conseguindo equilibrar, começaram a assentar mais o seu jogo e passado pouco tempo, Sterling, sempre muito mexido na frente dos ingleses, obrigou Neuer a uma boa defesa para canto.

Num jogo excelente para quem via, mas provavelmente muito nervoso para os técnicos Southgate e Löw, a Alemanha procurava o espaço nas costas dos (hoje) três centrais ingleses com Timo Werner. Na única bola que passou, num passe de Kai Havertz, teve de ser o guarda-redes Pickford a negar o golo ao ponta de lança do Chelsea, tão criticado esta temporada em Londres mas que acabou como campeão europeu.

Praticamente na última jogada da primeira parte, num lance de bastante insistência, a bola ficou nos pés de Kane que, na cara de Neuer, se preparava para fazer golo quando Hummels apareceu feito herói alemão e evitou o remate certeiro. Com a Inglaterra a apostar esta terça-feira nos três centrais, com Kyle Walker a jogar mais por dentro, a verdade é que houve um certo encaixe, esperado, entre os dois conjuntos.

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No arranque do segundo tempo foi Pickford que negou um remate fulminante de Havertz, mas rapidamente a entrada alemã virou para uma posse de bola mais inglesa e novamente para um jogo “empatado”.

Quase a meio do segundo tempo, as câmaras focavam a cara de Grealish, que com uma cara triste olhava o jogo, que provavelmente o pedia, pois os ingleses bem precisavam de um criador perto de Harry Kane, o tal que nunca marcara em Europeus. Curiosamente, o criativo Grealish foi chamado ao jogo poucos minutos depois. Os adeptos ingleses reagiram e com força (e muito barulho) à entrada do craque do Aston Villa.

Não foi apenas através de Grealish mas a verdade é que os ingleses entraram num período bom, até que aos 75′, Sterling começou e terminou uma boa jogada, fazendo o golo num lance que passou pelos pés de Kane e Grealish antes da assistência de Luke Shaw. Passados cinco minutos, Müller, isolado, falhou a baliza, o golo alemão e o seu primeiro remate certeiro em Europeus. Não foi o alemão que se estreou mas foi Harry Kane do outro lado que, finalmente, conseguiu fazer o que sabe melhor, golos, em Campeonatos da Europa. O passe? De Jack Grealish.

Até ao final, com o público em loucura completa como há muito não se via nos estádios de futebol, os alemães bem tentaram, mas rapidamente se percebeu que os ingleses tinham o jogo na mão. Foi apenas a segunda vez (!) que a Inglaterra conseguiu vencer o jogo a eliminar posterior aos grupos. Da última vez que isso aconteceu, no Euro 96, a jogar em casa, chegou às meias-finais. Neste encontro, perdeu nos penáltis com a Alemanha, “graças” ao treinador Southgate, que falhou a última grande penalidade. Outro facto curioso? Do “grupo da morte” deste Euro, com Portugal, França e Alemanha, já nenhuma equipa está na competição.

Mais importante, será que o futebol volta a casa? Pelo barulho em Wembley, eles vão continuar a cantar: “Football’s coming home”

Os Três Leões enviam uma mensagem ao futebol: “Queremos-te em casa” (a crónica do Inglaterra-Croácia)

O jogo a três toques

Para recordar

Harry Kane recua, corre, dá, recebe e faz jogar, mas ainda não tinha marcado em Campeonatos da Europa, algo estranho para um goleador nato, um dos melhores do mundo. No final da primeira parte, Hummels roubou-lhe um golo feito, mas no segundo tempo o capitão dos Three Lions apareceu a finalizar um cruzamento de Jack Grealish, com a velocidade que o caracteriza.

Para esquecer

Verdade que o jogo foi equilibrado, como era de esperar, mas quando a Inglaterra melhorou na segunda parte, os alemães não foram capazes de reentrar no jogo. Quando tiveram a chance, Müller, que é sinónimo de golos em Mundiais, mas não Europeus, atirou ao lado. O 3x4x3 alemão não foi tão dinâmico como é habitual, com a equipa de Joachim Löw fiar-se em demasia nas capacidades de Havertz (que fez o que podia) e sem conseguir esticar o jogo em largura, como fez, por exemplo, contra Portugal.

Para valorizar

Sterling tem porventura duas grandes capacidades: arrancar com bola direito aos defesas no centro do terreno e perdê-la, ou sacar lances de enorme qualidade. Fez o 15.º golo nas últimas 20 internacionalizações pela Inglaterra, um belo número para o avançado do Manchester City. Hoje, a ser o único criativo “vagabundo” da Inglaterra, acabou por fazer um bom jogo, sendo ainda de valorizar, obviamente, o facto de ter aberto o marcador.