O ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou esta terça-feira que “nunca a ciência foi tão relevante” como agora, ao revelar ao mundo quase em simultâneo o impacto da atividade humana no aquecimento do planeta.

“Certamente que a ciência marcou a evolução da humanidade em matérias e momentos muito distintos, com aquilo que foi criando, descobrindo, interpretando. [Mas] nunca a ciência foi tão relevante, no sentido de mostrar quase que ao mesmo tempo e quase no mundo inteiro o impacto que a atividade humana tem nas alterações climáticas e na mudança das condições da Terra”, sustentou, a encerrar a última sessão diária do encontro nacional de ciência e tecnologia Ciência’21, em Lisboa.

Para Matos Fernandes, “nunca a ciência foi tão importante a determinar a necessidade de uma mudança completa do modelo social e económico”, à escala planetária, perante a “prova inequívoca” da interferência humana no aquecimento global.

“A grande revolução, a grande mudança à escala global, e num tempo muitíssimo reduzido, é devido à ciência”, enfatizou, assinalando que “a construção de uma verdade científica pauta ou deve pautar todas as decisões que são tomadas”, incluindo os “grandes compromissos entre Estados“, nomeadamente para a redução das emissões de gases poluentes.

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Ao permitir “avançar para tecnologias mais limpas”, a ciência “é absolutamente essencial”, segundo o ministro, para “encontrar as técnicas, as formas, os processos de fazer diferente” e, ao banalizá-los, “ter soluções baratas” para os problemas.

A intervenção do ministro do Ambiente e Ação Climática, na sessão “A ciência e os novos desafios da interação espaço-clima: da observação da Terra ao clima espacial”, sucedeu à da astrobióloga Zita Martins, que lembrou que as missões espaciais também visam “melhorar a qualidade de vida na Terra”.

A investigadora e docente do Instituto Superior Técnico evocou o papel dos satélites na monitorização da qualidade do ar e das colheitas agrícolas, da poluição dos oceanos ou de desastres ambientais, mas também no acesso rápido à internet nas escolas.

O antigo astronauta francês Jean-Jacques Favier, 72 anos, que também participou na sessão, mas por videoconferência, disse que “não há plano B” para a Terra, planeta “belo e frágil” do qual teve uma “vista excecional” em 1996, a bordo do vaivém Columbia, que o conduziu para uma missão de 16 dias no laboratório reutilizável SpaceLab, que se instalava na traseira do compartimento de cargas dos vaivéns espaciais norte-americanos.

Jean-Jacques Favier impressionou-se com ciclones, mas também com incêndios e a poluição no mar vistos do espaço. “Não há plano B para o planeta, a nossa base é o nosso planeta“, frisou, defendendo que uma eventual colonização de outros planetas só deve ser encarada para fins científicos.