A utilização de cigarros eletrónicos pode potenciar a infeção com SARS-CoV-2, concluiu a equipa de Pawan Sharma, investigador na Universidade Thomas Jefferson (Estados Unidos). O estudo feito com ratos de laboratório mostrou que vapear aumentava a quantidade de ACE-2 nas células dos pulmões — a proteína que ajuda o coronavírus a entrar nas células humanas. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Investigative Medicine, do grupo BMJ.

Os investigadores partiram de um facto já conhecido: fumar está associado ao aumento da quantidade da proteína ACE-2 na superfície das células — a proteína que funciona como a fechadura que a chave do SARS-CoV-2 (proteína spike) usa para infetar as células do sistema respiratório. E decidiram testar se os cigarros eletrónicos, baseados na produção de vapor (e sem tabaco), podiam provocar uma reação equivalente, quer tivessem ou não nicotina no líquido usado.

De forma geral, vapear (com ou sem nicotina) levou à inflamação das vias respiratórias e prejudicou a função respiratória nos ratos em teste. Já o aumento da produção de ACE-2 foi mais significativo em ratos machos que estiveram expostos a vapores com nicotina. Tendo em conta o aumento do uso de cigarros eletrónicos em homens jovens, os autores acautelam para o risco de infeção desta população durante a pandemia.

A identificação de riscos evitáveis, como o uso de cigarros eletrónicos e vaporização, com subsequente validação na população humana, pode ajudar-nos a prevenir e/ou mitigar a infeção com SARS-CoV-2 e o desenvolvimento de Covid-19″, concluem os autores.

É certo que o estudo foi feito com um modelo animal e terá de ser replicado em humanos, mas se vier a provar-se que também induz a produção de ACE-2 nas células pulmonares humanas, então vapear pode revelar-se um fator de risco para a infeção com SARS-CoV-2 ao qual não se está a dar a devida atenção, alertam os investigadores.

A equipa reconhece que a proteína ACE-2 nos ratos não tem a mesma afinidade da ACE-2 humana para a proteína spike do vírus, mas apresenta os resultados como “informativos” e capazes de “direcionar esforços de investigação semelhantes em tecidos pulmonares derivados de humanos para testar e validar os resultados obtidos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR