Catarina era bombeira e estava, naquele dia, a regressar a casa de carro com os dois filhos quando viu um acidente na estrada e parou para ajudar. Foi assim que acabou por ser atropelada e morrer, mas a família poderá agora não ter direito a indemnização: tudo porque, no dia em que foi atropelada, Catarina estava de folga.

A história de Catarina Pedro, bombeira de 31 anos que fazia parte da corporação de Carnaxide desde 2018, foi conhecida este fim de semana (Catarina morreu no sábado) e é recuperada esta terça-feira pelo Jornal de Notícias para explicar as dificuldades que a família enfrenta agora. Isto porque não é certo que seja possível acionar o seguro de acidentes pessoais e de trabalho, porque naquele dia Catarina Pedro estava de folga, embora se tenha disponibilizado imediatamente a ajudar.

Em declarações ao Jornal de Notícias, é o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, que frisa que “os seguros não costumam cobrir estas situações”, lamentando a situação. Por outro lado, a Liga só poderia ajudar a família, que deve agora ficar com as duas crianças — um menino de quatro anos e uma menina de 11 meses — se esta recebesse menos do que o indexante de apoios sociais, de 438,81 euros, mas promete facultar esse apoio através do Fundo de Proteção Social dos Bombeiros.

A Liga assegura ainda que vai apoiar as despesas do funeral, enquanto a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais promete “procurar todos os apoios possíveis” para ajudar a família. As crianças deverão ficar juntas em casa dos avós.

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Presidente e Governo lamentam morte de bombeira quando prestava auxílio fora de serviço

Durante o fim de semana, vários responsáveis políticos lamentaram o acidente trágico que resultou na morte da bombeira, que no momento em que foi atropelada estava a sinalizar o acidente, precisamente para que os outros carros o pudessem ver, na autoestrada A5, em Oeiras.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, dirigiu à família, amigos e colegas “as mais sentidas condolências à família”. Já Marcelo Rebelo de Sousa lamentou a morte de Catarina Pedro numa nota publicada na página da Presidência da República, considerando a bombeira “um exemplo nacional de generosidade e altruísmo”, “mesmo fora de serviço”, por não ter “hesitado em ajudar o seu próximo”.