Num dos concelhos mais afetados pela vaga de incêndios de outubro de 2017, Pampilhosa da Serra, o primeiro-ministro pediu empenho de autarcas e de organizações de produtores florestais para apresentarem candidatura aos fundos de Bruxelas para a área florestal. António Costa desafiou mesmo a que “arregacem as mangas e digam que isto não pode ficar como está porque o que aconteceu não pode voltar a acontecer”, numa referência a esse ano fatídico em que morreram 114 pessoas vítimas de fogos florestais no país.

Costa apresentou ali, no Centro de Meios Aéreos da Pampilhosa da Serra, a componente relativa às florestas do Plano de Recuperação e Resiliência, que já teve mais provisão do que atualmente — 120 milhões de euros para investimentos na área e para os quais já existem 97 candidaturas. Poucas, no entendimento do primeiro-ministro: “Precisamos de mais candidaturas, mais autarquias e mais produtores florestais a organizarem-se nesta batalha”. “Em Lisboa podemos desenhar os planos e disponibilizar meios, mas não estamos no terrenos”, afirmou.

Mas o primeiro-ministro aponta também para os 145 milhões de euros de Bruxelas, à margem do PRR, para “o desenvolvimento das bioindústrias, com prioridade para as resinas, o têxtil e o calçado”. “A acumulação de biomassa é a maior ameaça para incêndios florestais”, advertiu Costa que aponta para este pacote como uma forma de transformar este perigo em “matéria prima de valor acrescentado” para estas indústrias. “Estes 145 milhões de euros são tão ou mais importantes do que estamos aqui a apresentar”, afirmou Costa que acredita que “dar valor à biomassa” que provoca incêndios “completa” o que está previsto no PRR.

“O que aconteceu não pode voltar a acontecer e é muito importante este sinal. Não estamos a fazer investimentos para amanhã, mas que transformam o futuro do país”. Num “grande apelo coletivo”, Costa também preveniu os autarcas — que se lançam em breve em campanha eleitoral para as autárquicas de 26 de setembro — que muitas destas candidaturas estarão executadas para lá dos seus mandatos, mas que não podem deixar de ser feitas.

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