O Presidente afegão, Ashraf Ghani, disse esta segunda-feira que o degradar da situação militar no Afeganistão fica a dever-se à “brusca” decisão dos Estados Unidos de retirar os militares que se encontravam no país.

“A situação atual fica a dever-se à brusca decisão” de Washington, disse Ghani durante um discurso no Parlamento afegão e numa altura em que se verifica uma escalada da ofensiva das forças talibãs em vários pontos do país. No mesmo discurso, o Presidente do Afeganistão disse que preparou um plano de seis meses para conter o avanço dos talibãs, mas não forneceu detalhes.

Após conquistar vastas zonas rurais nos últimos três meses, na sequência da retirada das forças estrangeiras, os talibãs aumentaram o controlo em três grandes cidades do Afeganistão, nos últimos dias.

Referindo-se a um processo de paz “importado”, Ghani também acusou Washington de ter pressionado no sentido da “destruição da república” e legitimando os talibãs ao promover as negociações de Doha. Os contactos resultaram, no início de 2020, num acordo que prevê a saída de tropas estrangeiras do Afeganistão.

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Zabihullah Mujahid, um porta-voz das forças talibã, disse esta segunda-feira na rede social Twitter que as afirmações de Ghani no Parlamento de Cabul são “absurdas“. As forças governamentais afegãs têm respondido com pouca resistência ao avanço dos talibãs e, essencialmente, controlam apenas estradas e as capitais provinciais.

Numa altura em que se aproxima a retirada total dos Estados Unidos, já se verificam combates urbanos entre forças afegãs e talibãs em Lashkar Gah, uma das três capitais de província afegãs sob ameaça direta dos “insurgentes”.

Os talibãs confrontam também as forças afegãs nos subúrbios de Kandahar e Herat, as cidades mais populosas do país depois de Cabul.