O bastonário da Ordem dos Médicos alertou esta sexta-feira para a necessidade de uma atenção especial aos lares, insistindo na testagem regular para travar o avanço de surtos e apontando a subida da taxa de letalidade nos mais idosos.
“É fundamental fazer testes rápidos de antigénio regulares a quem trabalha nos lares para perceber quem está infetado. (…) Só assim se consegue travar o avanço de surtos, juntamente com as medidas de saúde pública”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário lembrou ainda que, de acordo com o indicar usado pela Ordem dos Médicos (OM), “a taxa de letalidade nos mais idosos tem vindo a aumentar nos últimos dois meses e já está nos 13%”
O Inverno há de chegar e, quando chegar, vai haver mais infeções e sintomas de outras doenças, como a gripe sazonal, e, nessa altura, ou temos tudo bem controlado, ou podemos ter problemas mais complicados”, afirmou.
Os mais idosos “continuam a ser os mais frágeis, mesmo estando a imensa maioria vacinados”, acrescentou.
Comentando as declarações do presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, que sugeriu que se deveria pensar em “testes à imunidade” nos lares e que uma terceira dose das vacinas poderia ser uma das hipóteses estudadas pelas autoridades, Miguel Guimarães disse que deveriam já estar a decorrer estudos para perceber quem está e não está totalmente vacinado nos lares e como tem sido a evolução da resposta imunitária destas pessoas.
“É preciso mais consistência nos estudos sobre a resposta imunitária”, defendeu o responsável, sublinhando que era igualmente importante avançar a reestruturação dos lares defendida pela OM e não abrandar a fiscalização.
“Os lares são muito diferentes, uns funcionam bem e respeitam as regras, outros não respeitarão”, disse, lembrando o caso de Reguengos de Monsaraz, há cerca de um ano, onde um surto provocou a morte a cerca de duas dezenas de pessoas.
“Não podemos voltar para trás”, afirmou o bastonário, sublinhando a importância de continuar a cumprir as medidas de proteção como o uso da máscara e a higiene das mãos mesmo depois da vacinação completa.
Apesar de terem menos probabilidade de doença grave, as pessoas vacinadas “podem transmitir a infeção aos outros”, acrescentou.
Temos de ter sempre em mente que os idoso eram os mais frágeis, foram e vão continuar a ser os mais frágeis. Não é só para esta infeção. É para qualquer doença”, concluiu.
As autoridades de saúde contabilizavam no início desta semana 53 surtos ativos em lares de idosos, envolvendo 829 casos de infeção diagnosticados.