“Peço aos portugueses: pah, desculpem lá, saiam lá um bocadinho das vossas férias e do vosso conforto, para nos ajudar a combater este vírus”, pede o coordenador da task force para o Plano de Vacinação Covid-19 a partir de um centro de vacinação em Évora. Gouveia e Melo apela aos portugueses que não deixem de se vacinar só porque estão de férias e lembra que a vacinação é a melhor forma de combater o vírus SARS-CoV-2.
“Quer ser apanhado pelo vírus ou quer ser apanhado pela vacina para se proteger do vírus?”, pergunta o vice-almirante Gouveia e Melo, lembrando que não há ninguém que se consiga esconder do vírus, nem mesmo debaixo de uma calote de gelo no Pólo Norte. “Na minha simplicidade de militar, acho que a forma mais controlada de nos protegermos desta incerteza é sermos vacinados porque é seguro e eficaz.”
Sobre os jovens de 16 e 17 anos que não podem ser vacinados este fim de semana, o vice-almirante Gouveia e Melo lamenta que isso possa perturbar as férias da família, mas não dará margem para que sejam vacinados noutro local que não o da residência e não antecipa que haja outra janela para o fazerem. Até quinta-feira, estavam inscritos cerca de 70 mil jovens dos 200 mil elegíveis.
“Temos outros jovens para vacinar e temos outras pessoas para vacinar”, diz o coordenador da task force. Além disso, os centros de vacinação nos locais de férias não estariam preparados para vacinar mais pessoas, justifica.
Gostaria de lembrar uma coisa: o vírus não nos dá férias, o vírus continua muito ativo e nós temos de nos proteger desse vírus”, diz o vice-almirante Gouveia e Melo.
“Isto é uma pandemia. Nós estamos em combate. Este inimigo não nos dá tréguas”, diz o coordenador da task force, em mais uma alusão à sua formação militar, porque durante um combate não se tiram férias.
Gouveia e Melo: “[Vacinar] 90 mil pessoas todos os dias são dois estádios cheios organizados para o processo de vacinação”
O vice-almirante Gouveia e Melo rejeita a ideia de que se esteja a vacinar pouco ou que as pessoas faltem muito aos agendamentos e garante que nas próximas três a quatro semanas vai ser feita uma aposta na vacinação das primeiras doses.
“Esta semana tivemos poucas primeiras doses, porque estamos a dar muitas segundas doses das semanas anteriores, mas para a semana vamos acelerar o processo de primeiras doses”, disse o coordenador da task force.
Em alguns centros, há pessoas que faltam aos agendamentos, mas nem tudo é culpa das pessoas, diz o vice-almirante Gouveia e Melo. Em alguns casos, admite, a falha é do sistema que agenda uma vacina sem ter confirmação das pessoas.
Apesar de algumas falhas, o processo em geral está a correr muito bem”, diz o coordenador da task force.
“Na segunda-feira, vacinámos 84 mil pessoas e tínhamos 84 mil vacinas para dar. Não ficaram vacinas por dar”, diz o coordenador da task force, acrescentando que na terça-feira foram dadas cerca de 83 mil, na quarta perto de 100 mil e quinta mais de 90 mil. “Todas as vacinas que estamos a disponibilizar estão a ser utilizadas.”
“[Vacinar] 90 mil pessoas todos os dias são dois estádios cheios organizados para o processo de vacinação”, reforça Gouveia e Melo, lembrando que há uns meses só conseguíamos dar 60 mil doses por dia.
A partir de segunda-feira, chegam mais vacinas da Janssen (que já começaram a chegar) e da Pfizer, resultado dos pedidos feitos pelo Ministério da Saúde aos outros países, e o coordenador da task force espera ultrapassar as 100 mil vacinas dadas em cada dia.
O coordenador da task force admite que, como a vacina da Janssen não pode ser dada a mulheres com menos de 50 anos, “as senhoras ficaram um bocado prejudicadas”, mas que isso vai ser resolvido a partir da próxima semana.
O vice-almirante Gouveia e Melo prevê que na segunda-feira chegue um reforço — além do que está planeado — de mais 286 mil doses de vacina e na semana seguinte outras 300 mil. E acrescenta que está a ser negociado um reforço com a Moderna.
O objetivo já não é 70%, diz Gouveia e Melo. O objetivo para setembro é ter toda a população elegível com a primeira dose tomada. “Essa é a última pancada ao vírus.”
Vacinar dos 12 aos 15 anos: “Não é uma não-recomendação”, diz coordenador da task force
Vacinar dos 12 aos 15 anos: “Não é uma não-recomendação”, diz coordenador da task force
O processo está planeado para, num futuro próximo, se poder começar a vacinar as crianças dos 12 aos 15 anos, diz o coordenador da task force. Por agora, aguarda o parecer dos profissionais de saúde nesse sentido.
“Não é necessário, muitas vezes, tomar decisões, antes do tempo de serem tomadas”, diz o vice-almirante Gouveia e Melo. “Estamos a dar tempo para que essa decisão seja consistente, sólida, dentro dos profissionais de saúde.”
Não vamos exigir essa decisão, antes do tempo necessário, para o planeamento prosseguir.”
Porém, logo de seguida, Gouveia e Melo alerta: “Claro que esse tempo se está a esgotar. E o que pode ser crítico é que esse cuidado — que é importante para a proteção das nossas populações — pode ser entendido de uma forma negativa como uma não recomendação”.
O vice-almirante diz assim que não se trata de “uma não-recomendação”: “É só um cuidado para se ter a certeza de qual é o melhor caminho a seguir”. Porque se for entendido como não-recomendação pode criar dúvidas sobre a vacinação que, reforça, é a melhor forma de combatermos a pandemia.
Gouveia e Melo: “Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária”
“A proteção que a vacina dá às pessoas idosas é gigantesca”, diz o vice-almirante Gouveia e Melo e lembra que estão a morrer 30 a 40 vezes menos pessoas agora do que durante a vaga no início do ano.
O coordenador da task force reforça que “a vacina não é 100% eficaz” e que, por isso, “os surtos aparecem”. “Mas a consequência do surto é completamente diferente do que era há três meses”, reforça.
As pessoas que morrem com a vacinação completa são uma percentagem ínfima e podem estar a morrer de outras complicações, face à sua idade e estado de saúde, refere o vice-almirante. Também por isso, Gouveia e Melo rejeita, por enquanto, dar uma terceira dose.
Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária. E, enquanto não houver evidência científica, não devemos começar a criar uma imagem e querer já ir para uma terceira dose”, diz, em resposta à possibilidade de reforçar a vacinação dos idosos nos lares, que foram os primeiros a ser vacinados.
Sobre a possibilidade de realizar testes de imunidade, o vice-almirante também rejeita a ideia e recorda os pareceres dos especialistas que dizem que medir a quantidade de anticorpos pode não ser suficiente para determinar a imunidade das pessoas. Não ter anticorpos não quer dizer que as pessoas não tenham as células de memória que permitam dar resposta a uma infeção caso ela ocorra.