Identificar, reconhecer, celebrar e premiar o trabalho realizado na prevenção e luta contra a corrupção em Portugal. É este o mote do Prémio Tágides, criado este ano e cuja primeira edição já está em curso.
A iniciativa, organizada pela associação “All4Integrity: #libertemomeupaísdacorrupção”, convida todos os portugueses a participarem: a nomearem alguém ou a nomearem-se. Até 30 de setembro, pode aceder ao site do prémio e indicar qualquer pessoa, ou grupo de pessoas, que tenha desenvolvido algum trabalho, em território nacional, no sentido de democratizar a discussão sobre o tema da corrupção e de promover a ética no setor público e estatal, entre outros objetivos do prémio.
Com o intuito de alcançar várias áreas de atuação, foram criadas cinco categorias e cada uma terá o seu vencedor:
- Projeto de Investigação, incluindo investigação produzida por académicos e jornalistas;
- Projeto da Sociedade Civil, abrangendo iniciativas desenvolvidas no âmbito de organizações não governamentais;
- Iniciativa Política, contendo ações desenvolvidas por políticos ou sobre política;
- Iniciativa Empresarial, incluindo iniciativas desenvolvidas no âmbito de atividades empresariais;
- Iniciativa Jovem, com todo o tipo de ações desenvolvidas por pessoas individuais com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos de idade.
A partir de novembro, já com um máximo de 100 candidatos validados — que serão anunciados publicamente em outubro –, a escolha é do júri. Constituído por 35 membros, especialistas nacionais em prevenção e luta contra a corrupção, inclui nomes como o jornalista do Observador Luís Rosa, a jornalista Sandra Felgueiras, Ana Gomes e Miguel Poiares Maduro. Pode consultar a lista completa aqui.
Os prémios serão entregues numa cerimónia a realizar na semana de 9 de dezembro — Dia Internacional contra a Corrupção — e cada um consistirá numa estatueta da iniciativa, num diploma e na divulgação mediática, tanto através dos parceiros de media como dos órgãos de comunicação social, de forma à obtenção de reconhecimento nacional.
A All4Integrity é uma associação criada em 2020 a partir de uma iniciativa de André Corrêa d’Almeida, autor, professor e empreendedor social português, com o objetivo máximo de promover uma cultura de integridade e de criar um Sistema Nacional de Integridade em Portugal.
Contando já com 40 colaboradores voluntários, o movimento considera urgente mobilizar a sociedade civil no sentido de colocar no centro do debate político a corrupção, considerada “a principal causa do atraso no desenvolvimento e da prevalência de desigualdade económica e social”.
Mais de 40 por cento dos portugueses veem corrupção a aumentar
O Parlamento Europeu estima que em Portugal a corrupção tenha custos equivalentes a 8 a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o que representa aproximadamente 20 mil milhões de euros. Já de acordo com o GRECO, entidade do Conselho da Europa que monitoriza o combate à corrupção, em 2019, apenas uma das 15 medidas anticorrupção recomendadas em 2016 foi plenamente implementada no país.
Num comunicado enviado às redações, Corrêa d’Almeida considera que o combate à corrupção em Portugal se encontra bastante atrasado face a outros países da União Europeia, já que só recentemente o tema passou a estar no topo da agenda política.
Se avaliarmos o que temos e definirmos metas de onde queremos chegar, no que respeita à eficiência dos mecanismos disponíveis nas várias dimensões políticas e sociais da prevenção e combate à corrupção, não será difícil chegar a um consenso sobre a necessidade de uma aliança/coligação nacional para enfrentar a causa principal da pobreza de dois milhões de Portuguese/as”, comenta ainda o também professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.