(Em atualização)

No balanço mais recente efetuado pela AFP, já esta terça-feira, dispara para 1.419 o número de vítimas mortais provocadas pelo sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter que abalou este sábado o Haiti. O Sistema de Aviso de Tsunamis dos EUA chegou a emitir um alerta de tsunami após o abalo, mas acabou por retirá-lo pouco depois, avançaram a Reuters e a CNN. Há ainda mais de 6.900 feridos a registar.

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o sismo ocorreu pelas 13h29 (hora de Lisboa) deste sábado, a dez quilómetros de profundidade. Isto significa que foi mais forte e menos profundo do que o terramoto que devastou o Haiti em 2010, provocando mais de 100 mil mortos. Uma estimativa inicial do USGS previa um elevado número de vítimas e também prejuízos.

O primeiro balanço das autoridades, citado pela AFP, viria a confirmar a existência de, pelo menos, 29 vítimas mortais. Destas, 17 foram registadas no departamento de Grand-Anse, nove na cidade de Cayes e três no departamento de Nippes, onde foi localizado o epicentro do tremor de terra, na zona sudoeste da ilha caribenha.

O sismo ocorreu pelas 13h29 (hora de Lisboa), em terra, a dez quilómetros de profundidade

Citado pelas agências internacionais, o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, classificou a situação no terreno como “dramática”, numa referência às vítimas mortais e aos danos materiais provocados pelo sismo no país, o mais pobre do continente americano.

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O abalo, com epicentro a cinco quilómetros da localidade de Petit Trou de Nippes, foi sentido na capital do país, Port-au-Prince, que fica a cerca de 150 quilómetros, e noutras regiões das Caraíbas. O Sistema de Aviso de Tsunamis dos EUA emitiu um alerta, dizendo que são previstas “ondas de tsunami para algumas zonas costeiras”, mas o aviso de tsunami foi entretanto retirado. Ainda assim, relata a Reuters, os meios de comunicação do Haiti estão a noticiar que vários habitantes das regiões costeiras fugiram para zonas montanhosas.

O sismo foi registado pelo USGS e também pelo Centro Sismológico Euro-Mediterrânico (CSEM), sediado em França. Este último registou, entretanto, várias réplicas na região do Haiti, com magnitude de 4.

Sete mil casas ficaram destruídas ou danificadas e há mais de 30 mil famílias que ficaram desalojadas. As imagens que vão sendo publicadas nas redes sociais mostram o rasto de destruição deixado pelo sismo, com edifícios e carros destruídos.

As operações de resgate das vítimas poderão, entretanto, ver-se comprometidas pela aproximação da tempestade tropical Grace, com um risco de chuvas torrenciais e de inundações rápidas, segundo o serviço nacional de meteorologia dos Estados Unidos. É esperada a sua chegada na noite de segunda para terça-feira e o país foi colocado sob vigilância reforçada.

Profissionais e medicamentos foram já encaminhados pelo Ministério da Saúde para a península sudoeste, mas a logística de emergência está também em perigo devido à insegurança que mina o Haiti desde há meses. Em pouco mais de dois quilómetros, a única estrada que liga a capital à metade sul do país atravessa o bairro pobre de Martissant, sob controlo de gangues armados desde o início de junho, o que impede a livre circulação. Os raros hospitais existentes nas regiões afetadas estão com dificuldade em fornecer os cuidados de emergência aos feridos.

Abanão foi sentido em Cuba e Jamaica. Foi mais forte do que o de 2010, mas atingiu zonas menos habitadas

Segundo a Reuters, o abalo foi sentido nas ilhas vizinhas de Cuba e Jamaica. Danny Bailey, um residente em Kingston, capital da Jamaica, disse à agência de notícias que acordou com o abanão. “O meu telhado fez barulho”, contou o homem de 49 anos. Daniel Ross, que vive na cidade cubana de Guantanamo, deu conta do medo que é sentido pela população. “Passaram vários anos desde que tivemos um sismo assim tão forte”, afirmou.

Inevitavelmente, as notícias do sismo no Haiti trazem à memória o forte abalo que fez tremer a terra em 2010 e matou entre 100 mil a 300 mil pessoas. O epicentro do sismo deste sábado localizou-se a cerca de 100 km do epicentro de 2010, segundo a CNN. A magnitude também foi ligeiramente diferente: 7.0 há 11 anos (a 12 de janeiro de 2010), 7.2 agora. Na altura, cerca de 1,5 milhões de pessoas terão ficado deslocadas e mais de 32 mil ainda se mantinham nessa situação em janeiro de 2020.

Ainda que se espere um elevado número de mortes, os óbitos deverão ficar abaixo de 2010. É que o sismo deste sábado deu-se mais longe da capital de Port-au-Prince e das áreas com mais habitantes do país. Por exemplo, cálculos da CNN apontam para que cerca de 2,5 milhões de pessoas vivam num raio de 80 km do epicentro do mais recente abalo, enquanto que, em 2010, esse número rondava os 6,5 milhões.

Ainda assim, é esperado que o número de mortes venha a aumentar nas próximas horas. E um dos problemas é a estrutura dos edifícios “que simplesmente não aguentam este tipo de sismos”, disse Patrick Oppmann, repórter da CNN. “O Haiti não é um país que esteja capaz de responder a este tipo de ocorrências. Eles precisam de muita ajuda depois do sismo de 2010. Devem voltar a precisar agora. No meio de uma pandemia, vai ser ainda mais complicado”.

Portugueses no Haiti “estão bem” e não foram afetados

Os seis portugueses registados no consulado de Portugal no Haiti encontram-se bem, disse à agência Lusa o cônsul honorário, que destacou a ajuda humanitária que tem chegado ao país, na sequência do sismo de sábado.

Contactada pela Lusa, a secretária adiantou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros “está a acompanhar a situação através da embaixada de Portugal em Havana”.

Segundo a mesma fonte, já foi possível “apurar que todos os cidadãos nacionais que se encontram no Haiti estão bem e não foram afetados pelo sismo”.

O gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas não avança o número de portugueses que atualmente estão no Haiti.

Os seis portugueses registados no consulado estão bem e ajuda está a chegar

EUA oferecem ajuda. Espanha expressa solidariedade

O Presidente norte-americano, Joe Biden, ofereceu a ajuda dos Estados Unidos ao Haiti após o sismo que atingiu o país, indicou a Casa Branca. Biden “autorizou uma resposta norte-americana imediata e encarregou a diretora da Agência Norte-Americana de Ajuda Internacional (USAID), Samantha Powers, de coordenar esses esforços”, disse à imprensa um responsável da Casa Branca que solicitou o anonimato.

A Casa Branca não especificou em que consistirá essa ajuda e não esclareceu se enviará imediatamente algum tipo de assistência para o país caribenho que divide com a República Dominicana a ilha de Hispaniola e que é o mais pobre do continente americano.

Também o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, expressou a sua solidariedade “e a de todo o povo espanhol” ao Haiti, numa mensagem publicada na sua conta oficial da rede social Twitter, na qual acrescentou: “Contais com o apoio de Espanha para seguir em frente após este terrível acontecimento”.

Artigo atualizado dia 17 de agosto às 01h26 com o último balanço de vítimas