Jorge Jesus foi claro antes do jogo frente ao Gil Vicente e disse que era obrigado a mexidas na equipa, dada a senda de jogos das águias entre I Liga e as eliminatórias para tentar chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Terça-feira, em Eindhoven, frente ao PSV, o Benfica defende uma vantagem de 2-1 no playoff de acesso os jogos (e ao dinheiro) da Champions, uma “prioridade” como já lhe chamou o treinador encarnado.

Não foi assim de estranhar que seis jogadores titulares frente ao PSV tenham ficado de fora do onze inicial deste sábado, em Barcelos. Vlachodimos e Yaremhuck ficaram, assim como os três centrais: Otamendi, Morato e Lucas Veríssimo. De resto, “saltaram” todos.

E isso notou-se. Não só o Benfica apresentou algumas das clássicas deficiências, como a cobertura a segundas bolas ou à entrada da área, como o Gil Vicente trazia a lição bem estudada: atacar o lado esquerdo, de Gil Dias e Morato, este último tão elogiado por Jesus após a primeira mão frente ao PSV.

Depois de cinco ou seis minutos com pouco futebol, os rapazes de Barcelos como que se mostraram um pouco mais confiantes e confortáveis, não tivessem eles os olhos na história, visto o Gil Vicente nunca ter ganho os três primeiros jogos da I Liga. A dada altura, sem surpresa, o Benfica assumiu mais a bola, tentando e tentando o jogo interior, mas com atletas que não estão assim tão rotinados, nem uns com os outros, nem em determinadas posições. Gonçalo Ramos, com Yaremchuk a jogar no meio do ataque, claro, era uma espécie de Pizzi/Rafa, algo que não correu muito bem. Everton, o avançado esquerdo, acabou por ser um dos mais mexidos, mas ainda muito longe de mostrar o que fez o Benfica investir no seu passe. O Gil Vicente, muito bem organizado, não deixava jogar pelo meio e pelas alas Gilberto e Gil Dias não estavam a conseguir “esticar”.

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Das poucas vezes em que o Benfica conseguiu uma jogada de largura e combinação, a bola acabou à entrada da área onde Taarabt acertou no poste. Mais tarde — após falta ganha por Everton porque, lá está, um passe entrou entre o meio-campo dos gilistas e à frente da defesa —, também o marroquino obrigou Kritciuk a uma boa defesa. Ao mesmo foi obrigado Vlachodimos, a remate de Fujimoto, o 10 da equipa de Barcelos, que mostrou bons pormenores. Um grande, grande pormenor de Everton também colocou Yaremchuk na cara do golo, mas o ucraniano disparou por cima.

Sejamos sinceros: o Benfica podia muito bem estar a ganhar ao intervalo, claro, mas faltava ali alguma coisa no jogo encarnado, enquanto os gilistas iam controlando com uma equipa muito bem montada por Ricardo Soares e que, por algum motivo, tinha somado duas vitórias nas duas primeiras jornadas.

O Benfica entrou a segunda parte a apertar a equipa da casa e logo aos 46′, num excelente trabalho de Gonçalo Ramos, o jovem avançado do Benfica obrigou Kritciuk a negar o 0-1. Mas foram dez minutos muito, muito complicados para a equipa de Barcelos, a resolver problemas como podia, não como queria certamente. Excelentes dez minutos encarnados, com outras formas de ataque, como cruzamentos e bolas mais rápidas. A diferença que faz jogar mais depressa quando é preciso…

E quando é que o Gil Vicente respirou uns minutinhos? Quando Jorge Jesus colocou Pizzi, André Almeida e novo “maestro” da Luz, João Mário, em campo. Parece curioso, mas foi o que aconteceu, com as coisas a sossegarem no relvado, como bem queriam os gilistas. Murilo assustou o Benfica passados poucos minutos, para defesa de Vlachodimos, mas foi a exceção da segunda parte.

As águias estiveram novamente perto de voar quando João Mário descobriu Gonçalo Ramos ao segundo poste, o jovem cabeceia de régua e esquadro, de cima para baixo, mas Kritciuk fez uma grande defesa.

Para os últimos 20′, além da mota Grimaldo, entrou Darwin, que não jogava há cerca de três meses, devido a lesão, já com a ideia de o Benfica se adaptar aos agora três centrais do Gil Vicente, que assumia de alguma forma a melhor segunda parte dos encarnados. A verdade é que faltavam 15 minutos e golos nada. Nem quando Darwin podia ter rematado e quis dar de calcanhar para um segundo poste vazio.

A faltarem cerca de 10 minutos, os jogadores de Ricardo Soares até respiraram um pouco com bola, mas o Benfica acabaria mesmo por tornar em golos as muitas oportunidades e, principalmente, o jogo da segunda parte. Pizzi rematou, Lucas Veríssimo resolveu parar a bola com o pé direito e já com Kritciuk fora da baliza, encostou com o pé esquerdo para o 1-0.

E por falar em pé esquerdo, aos 89′, Grimaldo lembrou-se de puxar o seu atrás e colocar a bola nas redes adversárias junto ao poste oposto. Que golo. Nem o super Kritciuk desta tarde conseguiria, como não conseguiu, defender. Estava feito o 2-0 em cima dos 90′ e garantidos os três pontos.

O Gil Vicente não conseguiu fazer história e chegar às três vitórias seguidas, mas deu uma réplica muita interessante, sobretudo na primeira parte, sendo que na segunda tentou jogar em função do adversário e manter a baliza sem golos, mas não conseguiu. Esteve bem, mas o Benfica mereceu.

Para os encarnados, segue-se Eindhoven. “O Benfica tem de estar na Liga dos Campeões”, já disse Rui Costa, que bem sofreu este sábado na tribuna presidencial do campo do Gil Vicente. Veremos o que fazem os encarnados frente ao PSV. É já terça-feira.