A atriz e ativista norte-americana Angelina Jolie criou uma conta no Instagram e a primeira publicação que realizou mostra uma carta enviada para ela por uma rapariga afegã. O relato emotivo na carta mereceu a reação de 2,1 milhões de pessoas naquela rede social e disserta sobre o “medo e a incerteza” que os afegãos enfrentam desde os talibãs invadiram o país.

Com a criação da nova conta no Instagram, Angelina Jolie tornou-se a pessoa que mais seguidores recolheu em menos tempo, destronando a também atriz Jennifer Aniston: em apenas uma hora, a artista que dá vida a Lara Croft no filme “Tomb Rider” acumulou mais de 1,7 milhão de seguidores após a sua primeira publicação. Jennifer Aniston, antiga recordista, tinha conquistado um milhão de seguidores em cinco horas e 16 minutos.

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Na carta em causa, a jovem afegã conta a Angelina Jolie como a população frequentava a escola, trabalhava e “tinha direitos”, inclusivamente o direito de defendê-los em liberdade. Agora que os talibãs tomaram conta do país, “todos temos medo deles e achamos que todos os nossos sonhos desapareceram”, conta a rapariga: “Eu acho que os nossos direitos foram violados, não podemos sair à rua, estudar e trabalhar é uma coisa longínqua”, prossegue.

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A autora da carta explica que alguns dos afegãos acreditam que os talibãs mudaram, mas não é o caso dela. Prova disso, argumenta, é que tem de pensar a que horas poderá sair de casa em segurança pela manhã para continuar na escola. Embora admita que conseguiu realizar a deslocação para a escola facilmente, num destes dias regressou a casa e percebeu que “o céu estava escuro”. O curso que frequenta deve mesmo encerrar.

A rapariga teme que o Afeganistão recue 20 anos no passado, para uma realidade em que os cidadãos “não têm direitos, a vida de todos é negra, todos perdemos a liberdade e estamos presos novamente”. No documento manuscrito, a autora da carta identifica-se, diz em que cidade mora e a escola que frequenta, assinando por baixo do texto, mas essas informações foram ocultadas na publicação.

Na descrição que acompanha a fotografia da carta, Angelina Jolie recorda que esteve na fronteira do Afeganistão duas semanas antes dos atentados de 11 de setembro e conheceu refugiados daquele país que tentavam escapar dos talibãs.

Gastar tanto tempo e dinheiro, ter sangue derramado e vidas perdidas apenas para chegar a isso, é uma falha quase impossível de entender. Ver durante décadas como refugiados afegãos — algumas das pessoas mais capazes do mundo — são tratados como um fardo também é repugnante. Sabendo que, se tivessem as ferramentas e o respeito, o quanto fariam por si mesmos. E conhecer tantas mulheres e meninas que não só queriam uma educação, mas lutavam por ela”.

Agora que os afegãos estão novamente a tentar fugir do grupo islâmico fundamentalista, a atriz considerou esta situação “doentia” e prometeu “continuar à procura de formas para ajudar”: “Como outros que estão comprometidos, não vou me afastar”, garantiu a atriz. E terminou a publicação com um apelo: “Espero que se juntem a mim”.

A conta de Angelina Jolie tinha 5,2 milhões de seguidores até às 14h deste sábado e seguia apenas três contas: a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), os Médicos Sem Fronteiras e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. A atriz apresenta-se como “mãe, realizadora e enviada especial das Nações Unidas” para aquele alto-comissariado.