Acabou por saber a pouco. Para ele, valeu de pouco. A eliminação de Portugal nos oitavos do Europeu frente à Bélgica, ali em Sevilha a pouco mais de 200 quilómetros do Algarve, acabou por ser a nota que ficou para um Cristiano Ronaldo que gostaria de juntar o prémio de melhor marcador da competição à revalidação do título conseguido em França há cinco anos. No entanto, e apenas em quatro jogos, o avançado bateu mais um sem número de recordes individuais, a começar desde logo pelo número de golos em fases finais da prova. Ainda assim, houve um que superou todos os outros. Um que talvez só mesmo ele acreditasse.

Com os cinco golos apontados diante de Hungria, Alemanha e França (só não marcou à Bélgica, na derrota por 1-0), Ronaldo igualou o iraniano Ali Daei como o melhor marcador de sempre de seleções, num caminho que começou em 2004, um ano depois da estreia na Seleção A, e terminou em 2021 com 36 anos. Terminou não, chegou a esse marco. Esta quarta-feira, diante da Rep. Irlanda na qualificação para um Campeonato do Mundo de 2022 onde marcará ainda presença (mais um recorde mas teremos tempo para falar sobre ele), o avançado voltou a marcar, bisou e chegou aos 111 golos por Portugal, mais dois do que Ali Daei.

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No entanto, nada fazia prever um final assim: depois de ter sido o pior da equipa em termos estatísticos na primeira parte, também por ter falhado a sétima grande penalidade em 21 tentativas pela Seleção, o número 7 continuava a não fazer a diferença e destacou-se sobretudo num lance em que caiu na ala esquerda e cruzou para uma oportunidade flagrante falhada por Bernardo Silva. Mas não, o jogo não estava acabado. Aliás, com Ronaldo um jogo nunca está acabado. E foi assim, nos minutos finais, que o avançado empatou de cabeça após cruzamento de Gonçalo Guedes aos 89′ e marcou o golo da vitória também pelo ar depois de um centro de João Mário aos 90+6′, levando a uma autêntica explosão de alegria no Estádio do Algarve.

Assim, o capitão da Seleção prolongou o grande momento pela Seleção que vinha ainda do Europeu, tendo marcado oito golos nos últimos seis encontros contra Israel (um), Hungria (dois), Alemanha (um), França (dois), Bélgica e Rep. Irlanda (dois). Em paralelo, esta foi a 45.ª seleção diferente a quem Ronaldo conseguiu marcar, tendo em conta que os irlandeses eram uma das poucas equipas ainda não batidas.

“A equipa acredita até ao fim. Eu acreditava até ao fim. Dez minutos antes do jogo acabar pedi o apoio do público. Quando a equipa não está a corresponder, a ajuda do público é fundamental. Deram-nos força. Estou muito contente pelos dois golos que deram a vitória e de bater o recorde, estou muito feliz. O que explica? É a motivação e a vontade de continuar a jogar futebol e deste último contrato que fiz, de voltar a casa. Se nos levantarmos todos os dias com vontade de fazer melhor, de alegrar os adeptos, a família… Isso é a grande motivação. É mais um recorde para o museu”, atirou na flash interview da RTP. “O Ronaldo é isto, sempre foi isto na sua história. Uma vez perguntei a um treinador, ao Jimmy Hagan, porque não sai o Eusébio quando ele não estava a jogar tão bem e ele perguntou-me ‘E quando for preciso, onde é que está o Eusébio?’. Os grandes jogadores são isto, são assim”, acrescentou depois Fernando Santos.

Curiosamente, o registo do capitão da Seleção foi atingido num momento marcante da carreira, a culminar um final de mercado de transferências onde viu confirmada a saída da Juventus, onde se tornou o primeiro jogador da história a marcar mais de 100 golos nas primeiras três temporadas, para voltar a Old Trafford, onde jogará de novo no Manchester United nas próximas duas épocas com mais uma de opção.

Em paralelo, Cristiano Ronaldo tornou-se também esta noite o jogador europeu com mais internacionalizações, igualando o número do central espanhol Sergio Ramos (180).