Esta história podia ser a de Jennette Jansen, atleta paralímpica dos Países Baixos que, apesar da idade, participou nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 aos 53 anos. O twist nesta história é que a idade pouco importa e a participação resultou na medalha de ouro, a décima em Jogos e o segundo ouro numa olimpíada depois de Seul… em 1988. Sim, 33 anos separam duas medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos.

Com uma deficiência ao nível dos membros inferiores, que tiveram de ser amputados devido a malformações quando tinha nove anos, a carreira desportiva de Jansen, para além das saborosas medalhas, é marcada pela polivalência da atleta, que à sua sétima participação em Jogos Paralímpicos vai também no terceiro desporto.

Depois de um bronze, há poucos dias, no ciclismo, na classe H4-5, a holandesa conseguiu o ouro na classe H1-4, conseguindo então mais um lugar superior do pódio mais de três décadas depois.

Ao site dos Jogos Paralímpicos, explicou que o bronze da passada terça-feira a tinha deixado “muito desapontada”, admitindo, de qualquer forma, que era o “mais alto” a que podia almejar na categoria.

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No entanto, continuava com “fome de ouro”, uma fome que foi satisfeita na modalidade de para-ciclismo em que apenas se iniciou em 2012.

Desde Seul, Jennette Janse apenas falhou Londres 2012, tendo ganho logo na estreia de 1988, no atletismo, três medalhas nos 800, 1500 e 300 metros. Passados quatro anos, em Barcelona, foi prata nos 500 metros e na maratona, conseguindo ainda uma medalha de bronze nos 1500 metros.

Em Atlanta, EUA, no ano de 1996, decidiu trocar de desporto. E foi assim que conseguiu mais uma prata, no basquetebol em cadeira de rodas. Dez anos depois, no Rio de Janeiro e já no ciclismo, conseguiu o bronze na corrida de estrada H5.

E a conversa, pelo menos para já, não é de quem pensa em abandonar já o desporto: “Gosto muito de desporto e de provar a mim mesma que consigo fazer isto. Claro que vai chegar o momento em que a geração mais jovem me vai ultrapassar, mas até lá aproveito”.

Na modalidade que agora pratica e em que foi agora medalhada, não vê a sua idade como um problema até porque “existem muitas mulheres e muitos homens que já não são assim tão novos”

“É também um jogo mental e precisas de construir uma grande máquina. Quando és mais velha a máquina é cada vez maior e maior. Os músculos, o coração, a resistência. O corpo tem mais capacidade porque tens anos de treino. Quando és mais novo, muita gente não tem essa capacidade. E eu tenho um bom coração, sou querida”, explicou.