Malas em cortiça e aparas de madeira, inspiradas em vestuário renascentista ou na máquina voadora de Leonardo da Vinci, criadas por 41 alunos do Politécnico de Viana do Castelo vão ser expostas numa mostra em Itália, foi divulgado esta quinta-feira.

“Em Itália, uma exposição de obras de design funciona quase como um catálogo, é uma oportunidade para os nossos alunos”, afirmou a coordenadora do projeto académico e de investigação, Liliana Soares, citada numa nota enviada à imprensa esta quinta-feira.

O conceito de ‘design’ de acessórios de moda ecossustentável foi desenvolvido por 41 alunos do último ano do curso de licenciatura em ‘Design’ do Produto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).

O projeto académico “criou parcerias com a Global Beauty Shop (Pontedera – Florença) do empresário toscano Michele Lupi, a Corticeira Amorim (Portugal) e indústrias e unidades fabris do setor da madeira do Norte de Portugal”.

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Em causa está o projeto MonnaLusa que vai ser apresentado ao mercado italiano, através da uma exposição que vai decorrer em Florença e que se espera venha a “abrir portas” aos estudantes do IPVC.

“A empresa italiana está em negociações com a câmara de Florença para realizar a exposição das malas. Será uma oportunidade para as empresas perceberem que têm ali produtos para serem vendidos e isso trará futuros contactos para os nossos alunos”, adiantou Liliana Soares.

O Palazzo Strozzi, a Ponte Vecchio, a Vespa da Piaggio, vestuário renascentista e a máquina voadora de Leonardo da Vinci serviram de inspiração das criações dos estudantes do curso de ‘Design’ do Produto da ESTG, orientado pelos professores Liliana Soares e Ermanno Aparo e que envolveu ainda os professores Jorge Teixeira, Patrícia Vieira e Antonieta Morais.

Mariana Gonçalves foi uma das alunas que participou no projeto MonnaLusa.

“Foi o projeto em que mais gostei de participar. A nossa área tem como ferramenta mais importante o desenho, mas no nosso curso colocamos isso em prática e materializamos”, destacou, citada na nota.

Depois de um conjunto de experiências, Mariana Gonçalves e Inês Freitas inspiraram-se no engenho da máquina voadora de Leonardo da Vinci.

“Consegui integrar na parte lateral da minha mala uma espécie de engenho em que pode reduzir ou aumentar o tamanho, tal como o engenho da máquina voadora de Leonardo da Vinci”, descreveu a aluna,

Já Hugo Silva inspirou-se na Vespa da Piaggio, por considerar ser “um dos símbolos icónicos da zona da Toscana”.

“Fiz uma mala e utilizei várias técnicas portuguesas para costurar e usei a cortiça, que também é algo muito português”, contou o aluno.

O projeto conta com o apoio institucional do Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design (CIAUD) da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, do qual o IPVC é membro.

“A investigação permanente desafia a criação de produtos ecológicos, sustentáveis, sistémicos e portadores de significado. À luz dos novos acontecimentos, esta ação visa adotar um design mais crítico e responsável. É neste sentido que se deve ver MonnaLusa como um projeto académico e de investigação veiculador de oportunidades na criação de produtos futuros”, adiantou.

Liliana Soares acrescentou que o “projeto é aberto aos paradigmas estéticos de um novo Renascimento com variações temáticas que estabelecem pontos de contacto entre um Norte de Portugal criativo e uma Toscana empreendedora”.

“A introdução de processos produtivos entre a academia, a investigação e o mundo empresarial foi uma oportunidade para definir novos sistemas de produtos. Para o mundo dos negócios, continuou a professora, esta foi uma ocasião para construir parcerias e aumentar negócios”, referiu a docente.

O conceito do projeto passa por “cruzar a academia, a investigação e o mundo empresarial, desafiando os alunos a encontrar soluções amigas do ambiente para a empresa parceira, que trabalha com produtos vegan na área da cosmética”.

As 41 malas resultantes do projeto MonnaLusa já foram enviadas para Itália.

“A empresa ficou muito satisfeita com os protótipos e, por isso, avançámos para a materialização das mesmas. Agora estamos à espera que os trabalhos sejam expostos em Florença”, revelou a docente, adiantando que “a empresa está em negociações com a câmara de Florença para a realização da exposição”.

Muitos dos alunos ingressam agora no mestrado de Design Integrado da ESTG-IPVC e muitos deles estão a apostar na vertente de acessórios de moda para criar os próprios negócios.

“Estes alunos quando vão a entrevistas de emprego já levam um portfólio não só com desenhos, mas com protótipos. Essa é a prova que o aluno sabe fazer e isso é uma das garantias para a empregabilidade do nosso curso chegar aos 92%”, justificou Liliana Soares.