Chelsea em Londres no sábado, PSG em Paris na terça-feira, Liverpool em Anfield no domingo seguinte. Em pouco mais de uma semana, o Manchester City conseguiu acumular aqueles que são, na opinião de muitos, os três jogos mais difíceis do mundo na atualidade. Entre Premier League e Liga dos Campeões, a equipa de Guardiola tinha uma semana de verdadeiros testes para provar que é novamente um dos grandes favoritos a ganhar tanto um como outro troféu.

Tudo começava este sábado, em Stamford Bridge, na reedição da final da Liga dos Campeões da época passada. Mais do que isso, tudo começava este sábado, em Stamford Bridge, com a equipa que é uma verdadeira pedra no sapato de Guardiola: o treinador catalão foi eliminado pelo Chelsea nas meias-finais da Champions de 2011/12, quando ainda estava no Barcelona e numa eliminatória em que Messi até falhou um penálti, perdeu os dois primeiros jogos contra os blues quando chegou a Inglaterra e leva três derrotas consecutivas contra Thomas Tuchel, entre Taça de Inglaterra, Premier League e Liga dos Campeões. Em resumo, Guardiola nunca perdeu tantas vezes contra uma única equipa como já perdeu com o Chelsea, somando oito derrotas.

“Estamos a preparar o jogo como preparámos o anterior contra o Southampton e como preparámos todos os jogos que vieram antes. Tentamos ler o que eles fazem e o que fizemos nos jogos recentes contra o Chelsea e contra o Tuchel. Cada jogo é um novo desafio para melhorar, aprender e ser melhor. Esta semana é tão boa, é um privilégio tão grande. Melhor do que isto não é possível. Mas temos de levar um jogo de cada vez. Agora é viajar para Londres e depois preparar o próximo”, disse Guardiola na antecâmara da visita ao Chelsea, que recebia o Manchester City com quatro vitórias em cinco jornadas e 12 golos marcados contra apenas um sofrido, assumindo claramente o estatuto de favorito a ser campeão inglês.

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Em Stamford Bridge e depois do empate com o Southampton na última jornada, Guardiola beneficiava do regresso de De Bruyne e Phil Foden ao onze, dois jogadores que voltaram recentemente de lesão e que têm sido convocados mas não titulares. Para além do belga, Rodri e Bernardo completavam o meio-campo dos citizens e Phil Foden jogava enquanto falso ‘9’, já que Jack Grealish partia da esquerda e Gabriel Jesus atuava normalmente descaído na direita, um lugar onde tem tido um rendimento muito acima da média esta época. João Cancelo e Rúben Dias eram ambos titulares, sendo que o central português era novamente o capitão de equipa. Do outro lado e sem Mason Mount e Pulisic, Thomas Tuchel colocava Lukaku e Werner no ataque, Kovacic e Kanté numa zona mais adiantada do setor intermédio e Jorginho a fechar atrás e uma linha de três centrais formada por Rüdiger, Azpilicueta e Christensen.

Em Londres, a primeira parte do jogo foi a prova de que um jogo não tem de ter imensas oportunidades de golo para ser extraordinário. Em 45 minutos sem uma verdadeira ocasião de perigo e sem remates enquadrados, o confronto entre Chelsea e Manchester City nunca deixou de ser intenso, nunca deixou de ser bem jogado e nunca deixou de ser um encontro entre duas filosofias totalmente distintas. Pela primeira vez esta temporada, a equipa de Thomas Tuchel foi encostada às cordas e teve de se dedicar quase em exclusivo ao contra-ataque e às saídas rápidas porque não conseguia construir de forma apoiada. O conjunto de Guardiola demonstrava uma admirável reação à perda, colocava sempre muitos jogadores na primeira fase de pressão e assumia uma disponibilidade física impressionante para realizar as transições rapidamente.

O Chelsea, que perdeu Reece James por lesão durante a primeira parte e lançou Thiago Silva, teve mesmo de baixar as linhas e compactar os blocos no próprio meio-campo. O Manchester City tornava-se a primeira equipa a anular os blues esta temporada mas o empate sem golos ao intervalo, assim como a ausência de oportunidades e as exibições mais apagadas de De Bruyne ou Grealish, deixava antecipar que dificilmente os citizens conseguiriam manter o ritmo e a intensidade apresentados no primeiro tempo.

Na segunda parte e sem alterações ao intervalo, o jogo manteve a dinâmica — o City com mais bola, o Chelsea na expectativa e a procurar um futebol mais direto — mas caiu, de forma natural, em ritmo e velocidade. A equipa de Guardiola ia tentando rendilhar as jogadas e descobrir eventuais brechas na defesa adversária e acabou por chegar à vantagem num lance em que Gabriel Jesus mostrou que não é um avançado qualquer: João Cancelo rematou primeiro, de fora de área e depois de um canto, a bola esbarrou no brasileiro e Jesus trabalhou, rodou, soltou-se de três adversários e atirou à baliza, beneficiando de um desvio para bater Mendy (53′).

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Com o marcador inaugurado, o jogo alterou-se, Havertz entrou para o lugar de Kanté e o Chelsea foi obrigado a abdicar do conforto em que já estava inserido para esticar a equipa, passar a ter três elementos na frente e implementar uma postura mais intensa e ofensiva. Assim, a lógica inverteu-se e era agora o Manchester City que procurava o segundo golo com transições rápidas e contra-ataques em que tanto Grealish (58′) e Gabriel Jesus (61′) ficaram muito perto de marcar. Nesta fase, saltou à vista a enorme exibição de Bernardo Silva, que foi exímio nas tarefas defensivas e nunca abdicou de marcar presença nas movimentações ofensivas.

Até ao fim, Loftus-Cheek ainda entrou de um lado, Mahrez, Sterling e Fernandinho entraram do outro mas já nada mudou. O jogo partiu nos últimos minutos mas o Manchester City conseguiu segurar a vitória e venceu finalmente o Chelsea depois de três derrotas consecutivas, apanhando os blues na classificação e beneficiando da derrota do Manchester United para também igualar os red devils. A pedra no sapato de Guardiola não queria sair mas o anjo Gabriel, que nunca viu a equipa perder depois de ele marcar, apareceu para dar um dia bom ao treinador.