Uma visita do Liverpool ao Dragão, pelo menos desde 2017 para cá, é sinónimo de registos negativos históricos para o FC Porto. Esta foi a segunda vez que os dragões sofreram cinco golos em casa nas competições europeias, sendo que a primeira também tinha sido contra os ingleses; foi apenas a quarta vez que os dragões sofreram cinco golos em casa em todas as competições, sendo que só duas foram no século XXI e ambas contra o Liverpool; e foi ainda a terceira vez nos últimos cinco anos que os dragões perderam em casa por mais de dois golos nas competições europeias, sendo que nunca havia acontecido antes e que foram todas contra os reds.

Não há mesmo duas sem três. E Sérgio não se lembrou do provérbio (a crónica do FC Porto-Liverpool)

Mais do que isso, e até mais do que o facto de Firmino e Mané se terem tornado os jogadores que mais golos marcaram ao FC Porto nas competições europeias, a verdade é que esta foi a primeira derrota da equipa de Sérgio Conceição nesta temporada. Ao 9.º jogo em 2020/21, os dragões caíram pela primeira vez e estão agora no terceiro lugar do Grupo B da Liga dos Campeões, atrás dos seis pontos do Liverpool e dos quatro do Atl. Madrid mas acima da ausência de pontos do AC Milan. Ainda assim, a história está a favor do FC Porto: nas últimas quatro vezes em que chegaram ao fim da segunda jornada da fase de grupos da Champions com apenas um ponto, os dragões qualificaram-se para os oitavos de final. Sendo que, em 2003/04 e com José Mourinho, acabaram mesmo por conquistar a competição.

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Na flash interview, Sérgio Conceição lembrou as contrariedades das lesões inesperadas de Pepe e Otávio mas não poupou a exibição pobre da equipa. “Antes de tudo, assumo esta derrota pesada. Como treinador, sou o principal responsável por isto. Foi um jogo para lembrar no futuro, percebendo que houve contrariedades decisivas. No último momento do aquecimento, o Pepe estava muito bem mas sofreu uma lesão. Eu tinha dito na antevisão que, se o Pepe não pudesse jogar, abordava o jogo de outra forma porque o Fábio [Cardoso] não tinha minutos suficientes mas já não tive tempo, tivemos de ir a jogo assim. Depois, o Otávio lesionou-se e o nosso equilíbrio no corredor central também foi importante no lado negativo. São cinco golos de treino, de peladinha, de descontração. Não podemos sofrer golos deste género. Não podemos fazer nove faltas contra uma equipa tão vertical. Tivemos perdas de bola em zonas proibidas. Foi muito mau”, começou por dizer o treinador, referindo depois que terá de ter uma conversa com Pinto da Costa na sequência desta goleada.

“Assumo a responsabilidade de não saber passar a mensagem correta. Se fazemos um jogo e uma figura destas na Liga dos Campeões, temos de perceber se os jogadores estão dispostos a levar com o treinador que têm. Fomos nós que errámos, errámos muito. Temos de observar aquilo que se fez de mal, temos de falar com o presidente para analisar se, realmente, os jogadores estão dispostos a ouvir a mensagem. Hoje foi muito mau”, acrescentou Sérgio Conceição a Eleven Sports.

Mais tarde, à TVI e na conferência de imprensa, o treinador dos dragões foi um bocadinho mais longe. “A equipa de juniores, os Sub-19 que hoje empataram com o Liverpool, fariam com certeza um bocadinho mais. Mas fui eu que falhei, que não passei bem a mensagem. Tenho de perceber com o presidente se, com a figura que fizemos, os jogadores estão dispostos a ouvir o treinador. Aconteceu este desastre. Para mim, é vergonhoso. Quando a mensagem não passa, o mais importante não é o Sérgio Conceição ou o Zé ou o Manel ou o António mas sim o FC Porto. Quando acho que a mensagem não é feita, não há nada a fazer, não estou a fazer aqui nada”, terminou o técnico, deixando quase subentendido que vai colocar o lugar à disposição quando falar com Pinto da Costa.