O começo de época do Ajax não foi o melhor. A menos que o PSV marcasse mais golos, muito dificilmente o arranque do Ajax seria, aliás, pior. É que perder 4-0 na Supertaça dos Países Baixos é um resultado pesado, para jogadores, clube e, claro, os adeptos. A equipa de Eindhoven, depois eliminada pelo Benfica na Liga dos Campeões, esmagou o Ajax. Talvez isso ainda torne mais, digamos, especial o que o clube de Amesterdão tem feito depois disso: porque a equipa que esta terça-feira defrontou em casa o Besiktas, no outro encontro do grupo do Sporting na Liga dos Campeões, decidiu que golear também talvez fosse uma forma de dar a volta às coisas.

Claro que não foram só goleadas, mas também é verdade que ao fim de sete jornadas da liga holandesa, além de liderar o campeonato com mais três pontos que o Willem II, o Ajax tem um goal average de +29. Traduzindo: tem 30 golos marcados e… um sofrido, no empate a uma bola no campo do Twente. Para o campeonato, sempre que não sofreu golos, a equipa orientada por Erik ten Hag venceu. A equipa holandesa tem três vitórias por 5-0 no campeonato (NEC, Vitesse e Fortuna) e ainda um não muito habitual 9-0 ao Cambuur.

Pelo meio dos oito jogos que o Ajax leva sem perder, ou seja, desde o (grande) deslize na Supertaça dos Países Baixos, o conjunto veio a Alvalade ganhar 5-1 ao Sporting, no arranque de ambas as equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões deste ano. Nesse encontro, para desespero dos adeptos leoninos, o franco-marfinense Sébastien Haller marcou duas vezes em cada parte, apontando um poker em Alvalade. O jogador tornou-se assim o segundo futebolista a marcar quatro golos na estreia na Liga dos Campeões (desde que foi reformulada). Sim, um jogador já havia conseguido o feito: um senhor chamado Marco van Basten, ao serviço do AC Milan, em 1992, frente ao IFK Gotemburgo. Haller tem ainda o detalhe, curioso ou disparatado, dependendo do ponto de vista, de não ter sido inscrito nas provas da UEFA por erro do clube, na época passada. Mas, pelos vistos, não se mostrou muito chateado. A menos que a baliza de Adán, guarda-redes do Sporting, tenha sido “saco de pancada” para aliviar essa possível frustração.

Além de Haller há ainda jogadores como Tadic, já um clássico das boas campanhas do Ajax na Champions, a experiência de Blind ou ainda a irreverência e juventude de Antony ou Gravenberch.

Do lado do Besiktas, que não ganha há dois jogos para o campeonato turco, mas mesmo assim está a apenas dois pontos do líder Fenerbahçe, a estreia na fase de grupos da liga milionária deste ano não foi a melhor, mesmo a jogar em casa com um ambiente, como é habitual, fantástico. É que o Borussia Dortmund tem jogadores muito acima da média e isso é um problema para as equipas adversárias. No encontro, disputado a Turquia, Bellingham fez um jogaço do lado do Dortmund e Haaland, claro, fez o gosto ao pé. No entanto, como é sabido, as equipas turcas vendem muito caro qualquer resultado, pelo que se esperava um bom jogo de futebol na tarde desta terça-feira na Johan Cruyff Arena.

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Sobre a equipa turca havia ainda um outro detalhe, que não era nada pequeno: ausências. Ghezzal, Vida, Alex Teixeira, Hutchinson, Topal e Pjanic, entre outros, eram jogadores que não estavam disponíveis, possíveis e normais titulares ou utilizados regularmente, e e que não eram opção para Sergen Yalçin.

Esperava-se que a equipa do Ajax sobressaísse durante o encontro, mas o que saltou à vista, logo aos 10′, foi uma bola de Batshuayi, avançado do Besiktas, que bateu no poste. Estava dado o aviso? Não, estava demonstrada muito cedo a exceção à regra da primeira parte, porque o livro do jogo, que parecia já escrito, começou a revelar a verdadeira história logo de seguida, com Antony perto do empate (12′), tal como Berghuis (aos 15′). E foi este segundo a fazer o golo, aos 17 minutos, depois de uma jogada de Tadic, que esta terça-feira pareceu tão perigoso como sempre, em que papou dois ou três adversários antes de fazer a assistência. O Ajax era o chamado rolo compressor.

O mesmo Tadic que fazia, tal como toda a equipa, uma excelente primeira parte, com uma capacidade estonteante de colocar jogadores no último terço ofensivo, falhou um golo cantado após assistência de Haller. Este último, a meias com um defesa, acabou por fazer o 2-0 aos 43′.

O contexto não era nada favorável para o Besiktas, mas o Ajax tinha de mostrar na relva o que se esperava dos seus rapazes, que não desiludiram. Ao intervalo, 2-0 era um resultado “simpático” para o Besiktas. E se na passada jornada foi Bellingham, médio do Borussia Dortmund, a jogar bem, neste jogo foi Gravenberch, de 19 anos, a parecer que estava em todo o lado.

Sem desrespeito pelo adversário, até bem pelo contrário, a equipa do Ajax jogava e divertia-se, entusiasmando os seus adeptos.

No segundo tempo, Haller o tal que fez quatro golos em Alvalade, teve perto de aumentar a sua conta goleadora neste arranque de época de Liga dos Campeões, logo aos 49′ e de forma mais escandalosa aos 69′, após cruzamento de Tadic. Por volta da hora de jogo o Besiktas cresceu um pouco, Batshuayi teve um remate perigoso e houve ainda um golo anulado, num lance duvidoso, a Karaman. Mais uma vez, foram alguns minutos de exceção à regra. A equipa de Istambul vinha debilitada, mas o Ajax entrou na relva com um mindset muito intenso, quer a nível ofensivo, quer a nível defensivo, e não deu quaisquer hipóteses.

Foram dois, podiam ter sido mais.