“Lutar contra Grünheide” é a nova palavra de ordem dentro do Grupo Volkswagen, uma aparente declaração de guerra contra a Tesla, ou não fosse Grünheide o local onde está a ser instalada a Gigafactory de Berlim da marca norte-americana. Quem o afirma é a Business Insider (BI) e o motivo para este grito de guerra prende-se com a conclusão a que chegou a administração do grupo germânico, de que os seus eléctricos são mais lentos e mais caros de produzir do que os modelos concorrentes da Tesla e dos construtores chineses.
Esta má notícia foi partilhada com 120 dos mais importantes dirigentes do grupo, tendo como portadores das más novas o CEO do grupo, Herbert Diess, e o director da marca VW, Ralf Brandstätter. Já se sabia que as marcas do grupo estavam atrás dos concorrentes mais inovadores no que diz respeito à electrificação e digitalização, mas esta admissão do CEO vem provar que o gigante alemão está igualmente muito atrasado na produtividade.
Segundo a própria Volkswagen AG, a Tesla e os fabricantes chineses produzem mais barato e mais depressa. E como se isto não bastasse, a qualidade dos seus veículos está cada vez melhor, o que leva a que 70% dos consumidores chineses tenham já decidido que o seu próximo veículo premium será chinês, devido à sua boa qualidade e baixo preço. O que não favorece modelos como o ID.4.
Ralf Brandstätter concorda com o panorama traçado por Diess, que aconselha a que a principal zona fabril do grupo, em Wolfsburg, seja repensada, prevendo que a concorrência com a Gigafactory Berlim vai ser muito difícil. Estimam que um Model 3 necessite de apenas 10 horas para ser produzido, três vezes menos do que a VW precisa para fabricar um ID.3 em Zwickau, modelo que é substancialmente mais simples. Isto, segundo a BI, permite à Tesla colocar-se numa nova dimensão em termos de produção e de lucro.
A grande esperança de Wolfsburg é o projecto Trinity, curiosamente a mesma denominação dada ao primeiro ensaio de explosão nuclear que teve lugar em 1945, como parte do Projecto Manhattan. “O projecto Trinity tem de elevar Wolfsburg a um nível competitivo e o que está pensado não é suficientemente ambicioso”, acusou Diess, para depois realçar que “o que está em causa é manutenção dos postos de trabalho que temos aqui”. Em jeito de conclusão, o CEO lembrou que os “clientes decidem adquirir os produtos que oferecem melhor qualidade, mais sistemas e equipamento por um preço mais atractivo, sendo por isso que temos de dar luta e atacar, não deixando que Grünheide destrua a nossa fábrica”, disse, referindo-se a Wolfsburg.