O presidente do Governo da Madeira defendeu esta segunda-feira a importância e o aumento da produção da aquacultura na região, apontando que uma das soluções para as críticas sobre as questões estéticas é a possibilidade do recurso a estruturas submersas.

“Hoje em dia a aquacultura é feita, e vai continuar a ser, no sentido de preservar os ecossistemas marítimos, de garantir toda a sustentabilidade ambiental e obviamente também estética”, disse Miguel Albuquerque aos jornalistas, antes da sessão de abertura da conferência anual da Sociedade Europeia de Aquicultura, que começou esta segunda-feira no Funchal.

O governante madeirense salientou que o Centro de Investigação da Calheta nesta área “é dos mais avançados da Europa”, recordando que este “foi um projeto pioneiro, que começou em meados dos anos 90 e ganhou prestígio pelos estudos e investigação que desenvolveu”.

O trabalho que tem vindo a desenvolver “tem sido importante para a fiabilidade das espécies criadas”, acrescentou o chefe do executivo madeirense, destacando que a Madeira tem “um horizonte temporal de estudo e experiência que dá essa credibilidade” à região.

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O líder insular destacou que os estudos realizados vão no sentido de a “aquacultura ser vista não como elemento predatório da natureza e do ambiente, mas como forma de preservar, no futuro, os ecossistemas marítimos”.

“A pesca selvagem, sobretudo a disfuncional, que é levada a efeito nos oceanos, é que tem trazido danos substanciais aos ecossistemas marítimos”, apontou.

Miguel Albuquerque destacou que, “no futuro, está a ser estudada a possibilidade de a aquacultura ser desenvolvida com estruturas submersas, por causa do impacto visual”.

“Na maioria dos países europeus, até todos os sistemas estão montados ao pé de zonas protegidas, exatamente porque há a garantia que todo o processo produtivo e instalação são monitorizados, e é feito no sentido de preservar os ecossistemas e ter nenhuma poluição”, explicou.

A Madeira, acrescentou, produz cerca de 1.200 toneladas de peixe em aquacultura por ano, o que representa um valor na ordem dos 6 milhões de euros, montante que tem “efeitos multiplicadores” na economia regional, sendo que “desde 2002 é uma das indústrias que mais cresceu a nível mundial”.

Albuquerque referiu que a produção em aquacultura “tem crescido em média 6% ao ano em todo o mundo e vai continuar a subir”, sublinhando ser “insustentável continuar a fazer pesca desordenada como é feita por alguns países, pondo em causa a possibilidade de as espécies se produzirem”.

Outro aspeto que focou foi o facto de a Madeira ter “70% da sua área marítima até às 12 milhas” e “66% da área terrestre” como zonas protegidas.

Respondendo às críticas e manifestações – que afirmou serem normais em democracia – contra a instalação de jaulas de aquacultura por parte de grupos e autarcas de vários concelhos, entre os quais o da Ponta do Sol, governado pela socialista Célia Pessegueiro, Albuquerque sustentou ser necessário fazer um trabalho “pedagógico” para explicar o que é a aquacultura e a sua importância.

O Governo Regional “não vai avançar contra ninguém” nesta matéria, disse, sublinhando que as estruturas submersas podem ser “uma solução” para responder às questões estéticas que têm sido levantadas.

A conferência anual da Sociedade Europeia de Aquicultura decorre no Funchal até quinta-feira, subordinada ao tema “Um mar de oportunidades”, e vai contar com a presença do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, na sessão de encerramento.