Como estava previsto, o acesso ao serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André, em Leiria, já está normalizado, depois de ter estar limitado entre as 22h desta terça-feira, 12 de outubro, e às 8h de esta quarta-feira, 13. A garantia foi dada ao Observador por fonte da unidade hospitalar, que acrescentou que “não houve ocorrências durante a noite”.
Num comunicado esta terça-feira divulgado, o Centro Hospitalar de Leiria (CHL). tinha informado que, a partir das 22h00, o acesso ao Serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André estaria “limitado, com o possível reencaminhamento de alguns doentes para as Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra”.
Segundo o CHL, esta situação devia-se “a três razões essenciais”, desde logo o facto de “continuarem a acorrer ao CHL muitas falsas urgências (às 17h de terça-feira, dos 20 utentes que estavam em espera para serem observados, 14, ou seja, 70%, eram não urgentes)”.
A medida era também justificada por as “Urgências da ADR [Área Dedicada para Doentes Respiratórios] do Hospital das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste terem encerrado ontem [segunda-feira] e estarem a ser reencaminhados doentes” para o hospital de Leiria.
Outra razão prendia-se com o facto de na segunda-feira “se ter registado o recorde desde 1 de janeiro deste ano do número de doentes atendidos no Serviço de Urgência Geral” do Hospital de Santo André “de 404 doentes, sem que tenha sido possível, não obstante todos os esforços, alocar reforços médicos necessários para uma resposta compatível“.
No comunicado, o CHL reiterava o apelo para que os utentes se dirigissem “ao Serviço de Urgência apenas em casos mesmo urgentes”.
“No seu próprio interesse, os utentes devem adotar as medidas já divulgadas em situações anteriores, utilizando de forma correta as urgências hospitalares. Recorda-se que, em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 – 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação”, adiantava.
O CHL pedia ainda aos utentes que recorressem aos “cuidados de saúde primários, dirigindo-se ao seu centro de saúde para serem assistidos pelo seu médico de família, ou pelo seu médico assistente, ou para serem observados na consulta aberta”.
É este o cenário ao dia de hoje no Hospital de Leiria. Urgências fechadas, só recebe doentes referenciados. Demasiado grave para acreditar. Infelizmente, a realidade é sempre mais forte do que a propaganda. pic.twitter.com/Yy0kJQ6UM8
— Margarida B Lopes (@margaridalopes) October 12, 2021
“Destaca-se que o Centro de Saúde da Marinha Grande dispõe do Serviço de Atendimento Permanente, que funciona 24 horas por dia, todos os dias, bem como o Centro de Saúde de Ourém, que tem um Atendimento Complementar, que funciona aos sábados, domingos e feriados, das 09h00 às 19h00”, acrescentava o comunicado.
Segundo o seu site, o CHL, que integra também os hospitais de Pombal e de Alcobaça, tem como “área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure, servindo uma população de cerca de 400.000 habitantes“.
Ordem dos Médicos do Centro condena fecho temporário das urgências do Hospital de Leiria
A Ordem dos Médicos do Centro condenou o encerramento — por falta de médicos — das urgências do Hospital Distrital de Leira na noite de terça-feira e madrugada de quarta-feira,considerando que a situação é grave e resulta da “gestão negligente” do Governo.
Na sequência desta decisão, a Ordem dos Médicos do Centro considerou, em comunicado, que o encerramento do serviço do Hospital de Santo André (Hospital Distrital de Leiria) “é insustentável”.
Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, citado na nota, “tal situação gravíssima resulta de uma gestão negligente por parte do Ministério da Saúde que pode redundar em consequências graves para a população”.
“Esta situação é inédita para um hospital desta importância e configura o que está a acontecer em todo o Serviço Nacional de Saúde, uma rutura muito preocupante da sua capacidade de resposta”, sublinhava Carlos Cortes.
O responsável adiantou ainda que a direção clínica do hospital de Leiria deu conta que “neste momento estão 140 doentes dentro da urgência” e que o hospital “não tem capacidade para assumir mais doentes”.
“Recorde-se que, dada a gravidade da situação que tem ocorrido no Hospital de Leiria, a SRCOM apelou recentemente à intervenção direta da Ministra da Saúde que, até ao momento, não deu qualquer resposta concreta para resolver este problema, configurando um ato de profunda negligência e irresponsabilidade para a população do distrito de Leiria”, lamentou.
Nota – Artigo atualizado às 9h25 de esta quarta-feira, 13 de outubro