O coordenador da ex-task force da vacinação contra a Covid-19 afirmou esta terça-feira que, enquanto esteve nessas funções, “não houve uma clarificação completa” do incidente com vacinas no Queimódromo no Porto, que levou ao encerramento do centro.
“De facto, até ao fim do processo de vacinação, enquanto a task force esteve em funções, não houve clarificação completa, essencialmente, porque é que fomos avisados tardiamente” do incidente verificado em agosto naquele centro de vacinação, afirmou Gouveia e Melo na Assembleia da República.
Em 12 de agosto, a atividade no centro de vacinação do Queimódromo, no Porto, foi suspensa, depois de detetada uma alegada falha na cadeia de refrigeração de cerca de 1.000 vacinas, não chegando depois a reabrir devido à diminuição do ritmo de vacinação.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) avançou, na altura, que a vacinação decorrida a 9 e 10 de agosto naquele centro era “válida” e que os utentes não tinham de repetir a inoculação.
Segundo o vice-almirante, o centro de vacinação tinha equipamentos sofisticados, “os frigoríficos eram do melhor que havia”, mas uma “falha elétrica comprometeu todo este processo” de conservação das vacinas.
“Para além de ter falhado tudo, falhou uma segunda cadeia que era procedimental: quando os enfermeiros iam iniciar a vacinação, tinham de verificar que as vacinas com que iam vacinar tinham estado em condições de temperatura, através dos registos dos frigoríficos. Isso também não foi verificado. Foi a segunda falha”, explicou o antigo coordenador da task force.
Segundo Gouveia e Melo, o incidente foi detetado numa terça-feira e a task force é avisada na quarta-feira às 16h30, tendo solicitado de imediato ao Ministério da Saúde o encerramento do centro, o que aconteceu por volta das 19h00.
“Nós não conseguimos perceber perfeitamente isso e, não percebendo isso, eu enquanto coordenador, nunca tive a confiança para voltar a reabrir o centro“, adiantou o vice-almirante, ao adiantar que este processo entrou em fase de averiguações, através da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e da PJ, e “ainda não chegou ao fim”.
Gouveia e Melo foi ouvido na Comissão eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e do processo de recuperação económica e social e na Comissão de Saúde.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.056 pessoas e foram contabilizados 1.076.358 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.