Um cocktail de medicamentos de imunoterapia conseguiu eliminar totalmente o cancro na cabeça e pescoço em alguns doentes terminais durante um ensaio clínico de fase 3, noticiou o jornal The Guardian.

A equipa do Instituto de Investigação em Cancro, em Londres, alerta que os dados são ainda preliminares e não são estatisticamente significativos, mas, ainda assim, consideram-nos “clinicamente relevantes”, uma vez que alguns doentes viveram mais tempo do que previsto e com menos efeitos secundários, disse Kevin Harrington, que conduziu o ensaio clínico, ao The Guardian.

“Concluímos que o ensaio CheckMate 651 não é um ensaio positivo com base na análise estatística pré-definida e não se considera que pode levar à mudança da prática [ou seja, dos tratamentos atualmente utilizados]”, disse o oncologista Athanassios Argiris, no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, onde o estudo foi apresentado. Ainda assim, o médico considera que os benefícios identificados e a baixa toxicidade “reforçam o papel da imunoterapia” neste tipo de cancros.

Os investigadores verificaram que a combinação dos medicamentos nivolumab e ipilimumab, dados a 472 doentes terminais, levaram à redução do tamanho dos cancros em alguns doentes e, noutros casos, o cancro desapareceu totalmente.

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Os doentes sujeitos a este tratamento viveram, em média, mais três meses do que aqueles que foram sujeitos a quimioterapia extrema (475) — o tratamento-padrão nestes casos. A vantagem da imunoterapia comparada com a quimioterapia é que tem muito menos efeitos secundários, ainda que o custo dos tratamentos seja muito mais alto.

Outros ensaios clínicos com esta combinação de medicamentos, cujo objetivo é estimular o sistema imunitário do doente de forma a destruir as células cancerígenas, mostraram benefícios semelhantes em doentes terminais com cancro do rim, pele e intestino.

O novo caminho para combate ao cancro que faz aumentar esperança de vida

Os doentes com mais sucesso são aqueles que têm níveis elevados de PD-L1, moléculas na superfície das células cancerígenas que funcionam como um travão à ação do sistema imunitário. O que a imunoterapia faz é bloquear este travão, permitindo que as células imunitárias destruam o cancro.

Os doentes terminais escolhidos para o ensaio clínico não podiam ter feito outro tipo de tratamento alternativos para o cancro em questão e o último tratamento de quimioterapia tinha de ter sido feito há mais de seis meses.