Um estudo preliminar com doentes com mieloma múltiplo mostrou que aqueles não conseguem produzir anticorpos depois de vacinados contra a Covid-19, também têm dificuldade em produzir uma resposta celular, nomeadamente com células T — o que, à partida, não estaria relacionado. Colin Powell, que morreu esta segunda-feira com Covid-19, tinha mieloma múltiplo.
A revelação foi inesperada para os investigadores, que esperavam que mesmo com uma baixa produção de anticorpos, o sistema imunitário fosse capaz de produzir uma resposta secundária, que é essencial para a defesa do organismo (e não apenas em relação ao SARS-CoV-2).
O estudo foi conduzido pelo sistema de saúde Mount Sinai em Nova Iorque e incluiu 44 doentes. Os resultados foram publicados na revista científica Cancer Cell.
Um trabalho anterior, também publicado na Cell, já tinha mostrado que estes doentes tinham dificuldade em produzir anticorpos depois de vacinados contra a Covid-19. A probabilidade de produção de anticorpos era maior em quem tinha estado infetado antes da vacinação, mas menor em quem além da doença estava sujeito a determinados tratamentos.
O mieloma múltiplo é um tipo de cancro do sangue que afeta a produção de um tipo de células sanguíneas na medula óssea, os plasmócitos. Estas células dão origem aos linfócitos B, produtores de anticorpos. O que os investigadores verificaram foi uma falta de produção de células T.
O antigo secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, tinha mieloma múltiplo. Morreu esta segunda-feira de complicações relacionadas com a Covid-19 apesar de estar totalmente vacinado contra a doença. O cancro e a idade (84 anos) são dois fatores de risco para um desfecho menos favorável da infeção com SARS-CoV-2.
“O objetivo da vacina é reduzir drasticamente a possibilidade de sofrer, ser hospitalizado ou morrer, mas não a elimina“, disse Paul Offit, conselheiro sobre vacinadas para a agência norte-americana do medicamento (FD), citado pela CNBC.