Terça-feira à noite, horas de Liga dos Campeões. Pouco depois de o governo espanhol se declarar contra a criação de uma Superliga Europeia, um renovado, readaptado e reformado plano para a fundação de uma nova competição europeia viu a luz. Ainda que não esteja assinado pelos três clubes que nunca abandonaram o projeto disruptivo — Real Madrid, Barcelona e Juventus –, o documento avança com 10 pontos-chave para “repensar o futuro do futebol da União Europeia” e explica a necessidade de algo semelhante à Superliga.
“A Liga dos Campeões atual, dirigida e operada pela UEFA, a auto-denominada reguladora das competições futebolísticas na Europa, não mudou em quase 30 anos e tornou-se rígida e aborrecida”, indica a carta agora divulgada pelo jornal Marca, que defende que “o projeto anunciado pelos 12 clubes em abril foi manifestamente mal interpretado”. Agora, os cérebros por detrás da Superliga Europeia abrem a porta à possibilidade de eliminarem o conceito de “membros permanentes” que tanto defenderam originalmente, asseguram que vão abrir os planos a outros clubes europeus, que contam com o mérito desportivo e que “ouviram os adeptos e não querem uma liga fechada para sempre”.
Quem ganhou, quem perdeu e quem acha que ganhou ao fim de 48 horas de Superliga Europeia
No documento, os autores indicam também este não será um projeto para romper com as competições nacionais que existem mas sim para conviver com elas”, mantendo o ecossistema existente” — sem mencionar os danos que uma eventual Superliga Europeia poderia causar às competições internas e aos clubes que não fossem integrados. A carta deixa ainda uma clara farpa a Nasser Al-Khelaifi, o dono do PSG que nunca integrou os planos da nova competição, ao referir que a UEFA tem “vínculos próximos com alguns donos de clubes que vêm de Estados que não são membros e que são patrocinadores de certas competições e clubes, para além de compradores dos direitos audiovisuais de torneios organizados pela UEFA, e que se sentam no seu Comité Executivo enquanto dirigem a Associação Europeia de Clubes sem nenhum processo de eleição transparente”.
“O projeto da Superliga é o reconhecimento de um sistema que está quebrado. A UEFA é o auto-estabelecido governo do futebol da União Europeia enquanto também é uma associação privada suíça governada pela lei suíça e sujeita ao TAD em temas desportivos”, acrescenta, indicando depois os tais 10 pontos-chave que tornam pertinente a criação de uma nova competição:
- A Superliga não é uma proposta que vá romper com a ordem estabelecida nem abandonar as ligas domésticas;
2. Desaparece o conceito de “membros permanentes”;
3. A Superliga é o reconhecimento de um sistema que está quebrado;
4. Os papéis da UEFA criam conflitos estruturais;
5. Laços próximos com certos donos de clubes de Estados que não são membros da UEFA;
6. Falta de jogos de alto nível;
7. Controlo financeiro inadequado;
8. Falta de transparência na contabilidade;
9. A União Europeia está a perder o controlo sobre o futebol;
10. Clubes de grandes cidades localizadas em Estados mais pequenos não podem competir no atual modelo da UEFA.