O Campeonato do Mundo de ginástica, na cidade japonesa de Kitakyushu, teve três tipos de abordagem logo à partida por parte de federações e ginastas tendo em conta a colocação no calendário internacional apenas dois meses depois dos Jogos Olímpicos. Várias atletas que estiveram em Tóquio, como as campeãs Sunisa Lee, Jade Carey ou a inevitável Simone Biles, decidiram encerrar mais cedo . Outras federações optaram por iniciar já o novo ciclo olímpico de Paris, lançando novos talentos para os próximos anos. No caso de Portugal, foram as melhores. Sobretudo, a melhor. E conseguiu fazer história.
Após ter conseguido o apuramento para a final do all around com o sexto melhor registo, Filipa Martins tornou-se a primeira ginasta portuguesa a alcançar uma final de aparelhos em Mundiais, com a oitava melhor pontuação entre as apuradas para a decisão nas paralelas assimétricas onde registou o movimento que ganhou o seu próprio nome, o “Martins”. “Estou super contente com os resultados que consegui nas qualificações. Nas paralelas foi mesmo em último lugar, mas foi fantástico, porque foi a primeira vez que consegui. E no all around passei em sexto, o que foi muito bom”, comentou à Federação de Ginástica.
Known for her Uneven Bars, two-time Olympian @FilipaGym ???????? came to #Kitakyushu2021 with an All-Around focus. "I want to make the All-Around final – and the Uneven Bars too – but the main goal is the All-Around," she said. Currently 4th AA and 5th on Bars, she may get both wishes. pic.twitter.com/o7Vy8tfj0L
— FIG (@gymnastics) October 18, 2021
Esta quinta-feira, a ginasta do Acro Clube da Maia tinha a primeira final, neste caso do concurso do all around, com o objetivo de melhorar o melhor resultado de sempre em Mundiais, a 16.ª posição em 2014 na China (Naning), a que se seguiu um 18.º lugar em 2017 no Canadá (Montreal). E fez mais história: a ginasta portuguesa alcançou o primeiro diploma de sempre, o melhor resultado na ginástica artística feminina e que só não foi ainda melhor porque acabou penalizada num ponto no exercício nas paralelas.
Filipa Martins terminou a final all-around do Campeonato do Mundo de Ginástica Artística em 7.º lugar, o que se torna a melhor classificação de Portugal nesta competição. Saiba mais na APP #EquipaPortugal#COPortugal
(foto: Federação de Ginástica de Portugal) pic.twitter.com/HPlW29hXI5— Comité Olímpico de Portugal (COP) (@COPPORTUGAL) October 21, 2021
A ginasta portuguesa começou a primeira rotação no salto com o resultado de 13.466, acima dos 13.300 que tinha feito na qualificação e também da notas alcançada numa outra ocasião em que chegou à final do all around em Mundiais, neste caso o 13.166 de 2017. Melhor só mesmo os 13.800 da decisão de 2014, numa fase diferente da carreira em que não tinha por exemplo os recursos que ganhou com o tempo nas paralelas assimétricas. Um início sem falhas que colocava Filipa Martins à condição no oitavo lugar.
It's almost time for the first final of #Kitakyushu2021! ????
Who will be taking home the Women's World All-Around title? Here's how they line-up for Rotation 1….
Live scores > https://t.co/RShcvu4GJF#Gymnastics #GWC2021 @gwc2021eng pic.twitter.com/fUKESgqv15
— FIG (@gymnastics) October 21, 2021
O início tinha sido prometedor para a passagem ao aparelho onde é especialista, as paralelas assimétricas. E tudo começou da melhor forma, com a execução perfeita do “Martins” que mereceu muitas palmas por parte dos espectadores presentes no recinto. No entanto, uma falha numa passagem quase no final do exercício acabou por condicionar e muito a nota da portuguesa, que acabou com 13.000 quando tinha feito na qualificação 14.100, o melhor registo pessoal em Mundiais. No final da segunda rotação, a portuguesa mantinha a oitava posição mas sabendo que o que se seguia iria complicar a tarefa de chegar ao diploma.
It's Worlds ???? for Angelina Melnikova!
Melnikova (RGF) takes the Women's All-Around title ahead of ???? Leanne Wong and ???? Kayla di Cello ????????
Top 8 ????
Full results ????https://t.co/BX7x99jefB#GWC2021 #Gymnastics pic.twitter.com/5jFn5FkOMM
— FIG (@gymnastics) October 21, 2021
Angelina Melnikova, atleta da Federação russa que ganhou a medalha de ouro por equipas e duas de bronze no all around e no sol nos últimos Jogos Olímpicos, liderava a prova à frente de Leanne Wong, Vladislava Urazova e Kayla di Cello (que cometera um erro penalizador nas paralelas assimétricas), as principais candidatas às medalhas. E foi a primeira na trave na terceira rotação, antecedendo a entrada em cena de Filipa Martins com o “peso” do erro cometido uns minutos antes. Um “peso” que não condicionou em nada a prestação da portuguesa, que acabou com 12.933, quase 0.3 acima da qualificação (12.666). Com isso, ia para a quarta e última rotação no sétimo lugar, com Wong a pressionar Melnikova na frente.
https://twitter.com/rookiegymstan/status/1451141438251565063
Filipa Martins iria terminar a final do solo, um aparelho onde foi ficando “condicionada” pelos sucessivos problemas num pé ao longo da carreira. Ainda assim, a portuguesa conseguiu defender-se bem, marcando 12.800 (ligeiramente abaixo dos 12.933 da qualificação) que a deixavam à espera do que poderiam fazer as adversárias mais diretas na luta por um diploma. A confirmação desse melhor resultado de sempre viria pouco depois, com uma sétima posição que poderia colocá-la na luta pelo top 5 da prova. Melnikova segurou a vitória, sucedendo a Simone Biles, com 56.632, à frente das americanas Leanne Wong (56.340) e Kayla di Cello (54.566). Urazova falhou o pódio e acabou no quarto lugar (53.598), seguida da neerlandesa Naomi Visser (52.832), da chinesa Xiaoyuan Wei (52.699) e de Filipa Martins (52.199) entre 24 finalistas.
Congratulations to the #Kitakyushu2021 Women's All-Around medallists ????????
???? Angelina Melnikova
???? Leanne Wong
???? Kayla di Cello#GWC2021 #Gymnastics pic.twitter.com/Ri5OYrPaa8— FIG (@gymnastics) October 21, 2021