As prováveis eleições antecipadas ainda não estão marcadas, mas as futuras listas de deputados já começam a desenhar-se. Começando pelas ausências: tanto Jorge Lacão como Luís Capoulas Santos já anunciaram que não serão recandidatos a deputados.
Segundo o Observador apurou junto de várias fontes, entre as quais os próprios, os dois socialistas aproveitaram a reunião da bancada do PS — que aconteceu menos de um dia depois de o Governo ter visto a sua proposta de Orçamento chumbada, confirmando a crise política — para se despedirem do Parlamento.
Capoulas, que tem 70 anos, foi eleito deputado pela primeira vez em 1991 e tem uma longa experiência governativa: logo em 1995 foi chamado para ser secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, tendo passado a ministro em 1998. Voltaria a assumir a pasta no primeiro Governo de António Costa, tendo entretanto passado também pelo Parlamento Europeu, entre 2004 e 2014.
Já Jorge Lacão, 67 anos, é outro rosto bem conhecido do Parlamento: desde a 3ª legislatura, que arrancou em 1983, só falhou duas. Pelo meio, exerceu o cargo de líder parlamentar do PS, foi governante (secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros no primeiro Governo de Sócrates e ministro dos Assuntos Parlamentares no segundo).
Ao Observador, Lacão confirmou esta “decisão pessoal”, “natural em quem já teve uma longa carreira parlamentar”, e rejeitou qualquer “outra leitura política”.
Conforme foi relatado ao Observador, na reunião da bancada do PS a tónica foi de “motivação para as eleições” — assumindo-se, portanto, que será mesmo essa a solução para a crise política, tal como Marcelo Rebelo de Sousa já revelou desejar e como a própria líder parlamentar, Ana Catarina Mendes, dizia querer “o mais rapidamente possível”, horas depois do chumbo.
E esta será mais uma pista: os deputados já começam a pensar na construção das listas de candidaturas para as legislativas antecipadas.