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Adolfo Mesquita Nunes anuncia saída do CDS. Pires de Lima também bate com a porta

Este artigo tem mais de 3 anos

Com o adiamento das internas, CDS enfrenta debandada. Adolfo Mesquita Nunes, António Pires de Lima, Michael Seufert, entre outros, anunciaram a saída do partido. João Almeida deixa Parlamento.

"Até ao último dia acreditei que era possível inverter este rumo. Vejo hoje que este se tornou irreversível"
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"Até ao último dia acreditei que era possível inverter este rumo. Vejo hoje que este se tornou irreversível"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

"Até ao último dia acreditei que era possível inverter este rumo. Vejo hoje que este se tornou irreversível"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Adolfo Mesquita Nunes anunciou neste sábado a saída do CDS, confirmou o ex-secretário de Estado através de uma publicação nas redes sociais. “O partido em que me filiei deixou de existir”, escreveu, horas depois de um Conselho Nacional em que o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, conseguiu adiar eleições internas para depois das legislativas.

Na publicação no Facebook, Adolfo Mesquita Nunes escreveu que este é o “mais difícil ato político” da sua vida, porque se trata da saída de um partido do qual era militante há 25 anos – mas garante que é uma decisão que toma “sem uma gota de arrependimento“.

O ex-deputado diz que não fundamenta “esta desfiliação nas profundas discordâncias com o rumo seguido pela direção eleita nem na avaliação que esta publicamente faz da minha honra e da minha militância”. “Todas as direções são conjunturais e a militância não deixa de fazer sentido se estivermos em desacordo com o discurso, ética e estratégia da direção do momento”.

Garante Adolfo Mesquita Nunes que esta desfiliação parte da “convicção de que o CDS é hoje, estruturalmente, um partido distinto daquele em que me filiei, um partido que quer afastar-se do modelo de partido que servi como dirigente”.

Líder do CDS consegue adiar eleições internas para depois das legislativas

Os tempos são outros, agora“, lamenta o ex-secretário de Estado do Turismo, acrescentando que “a diversidade é vista como fraqueza, perda de identidade, como se só houvesse uma única e legítima forma de ser do CDS”. No atual CDS-PP, nota, “a contemporaneidade é vista como uma ameaça, como se as novas gerações e as suas preocupações fossem a degenerescência de uma ordem moral ideal”.

Nunca me imaginei em discussões sobre se alguém do CDS pode não gostar de touradas, se pode ser vegetariano, se pode divorciar-se, se pode amar quem quiser, se pode não ser crente. Mas essas discussões vieram para ficar e dão bem conta das novas prioridades do partido.”

“Diz-se, com convicção, que há muitos de nós que não devemos estar aqui, que temos de ir embora”, afirma Adolfo Mesquita Nunes. “Acusa-se, com todas as letras, quem diverge de ter interesses clientelares ou políticos obscuros. E sempre, em tudo isto, um dedo acusador, moralista, de quem acha que no CDS só pode estar quem confirme uma suposta pureza cristã”, acrescenta.

O Conselho Nacional de ontem, em que o CDS desistiu, enquanto partido, de discutir e decidir em Congresso com que liderança e com que estratégia deve enfrentar as próximas eleições legislativas é apenas a confirmação de que o partido deixou de existir, com pensamento e estratégia autónoma, aceitando com entusiasmo o caminho para a nossa irrelevância, dependendo da bondade e caridade de terceiros.”

Adolfo Mesquita Nunes pergunta “como é possível que o CDS aceite que uma direção retire aos militantes o direito de escolher o seu líder e a sua estratégia; e que o faça num Conselho Nacional ilegalmente convocado e ignorando as decisões do órgão jurisdicional do partido; e ainda para mais para manter uma direção cujo mandato termina em janeiro?”

“Este não foi o partido em que me filiei”, lamenta. “O CDS transformou-se noutra coisa. É legítimo que o faça. Assim como é legítimo que eu escolha desfiliar-me agora que essa transformação se cristalizou. Até ao último dia acreditei que era possível inverter este rumo. Vejo hoje que este se tornou irreversível”, afirma, garantindo que sai do partido “em nome da liberdade”.

Líder do CDS vence batalha e consegue adiar eleições. E agora, Melo?

Pires de Lima e mais quatro saídas do CDS

Adolfo Mesquita Nunes não foi o único a deixar o partido nas últimas horas. Na SIC Notícias, António Pires de Lima, ex-ministro da Economia, anunciou a desvinculação do partido. “Amanhã deixarei de ser militante do CDS”, disse.

“Não tenho condições de poder continuar a ser militante depois do que se passou nas últimas 48 horas. Tenho o direito e o dever de recuperar a minha liberdade e de, a partir agora, poder votar em quem entender”, disse.

“Para mim isto foi o fim da linha depois de mais de 30 anos de militância no CDS com líderes muito diferentes mas que cumpriam o mínimo da dignidade e do respeito das regras democráticas. Saio do partido com muita tristeza e alguma dor, mas de consciência tranquila”

Manuel Castelo-Branco, filho de uma das vítimas das FP-25, também anunciou a sua desfiliação do partido através de uma publicação no Facebook.

“Isto acabou. É fechar a porta e também me vou embora. Esta semana, depois de mais de 10 anos da liderança e uns 15 de filiação, assumo a minha orfandade ao projeto e apresentarei o meu pedido de desfiliação desta organização”, escreveu.

A ex-deputada Inês Teotónio Pereira seguiu o mesmo exemplo. “Todos aqueles que votaram nesta direção deviam hoje pedir desculpa aos militantes do CDS e aos seus apoiantes pela humilhação a que sujeitaram o partido. Pelo menos aqueles que têm um mínimo de decência. O CDS não é o mesmo partido que sempre foi – está mais perto do PCTP-MRPP — e eu não pertenço ali. Por isso, e ao fim de décadas de militância, desfilio-me hoje com enorme tristeza”.

Também o antigo dirigente centrista João Maria Condeixa anunciou a sua desfiliação do partido. “A decisão que tomo não é circunstancial, embora os mais recentes acontecimentos e o tribalismo vivido no seio do CDS a tenham precipitado. Não sei em que camarata a atual direção aprendeu tal código de honra e atitude na vida mas foi pena não ter aprendido em casa a decência dos argumentos e do debate. Os processos não se pautam apenas por normas e estatutos, vivem da forma decente e nobre como estes são aplicados. Da minha parte, não compactuo mais com este tribalismo“, escreveu.

Michael Seufert, ex-líder da JP, também bateu com a porta. “O CDS ontem acabou mas nem por isso me custa menos tirar as devidas consequências disso. O CDS que eu conheci, morreu. Não porque está liderado pelas pessoas erradas – que está, mas isso é sempre passageiro – mas porque desistiu de si mesmo, dos seus militantes e de ter um projecto para Portugal. Porque face a eleições legislativas que ainda nem estão marcadas se acorbadou de encontrar a clarificação interna e um projecto nacional de que os partidos não podem ter medo sob pena de o deixarem de ser. Quem tem medo de no seu partido ir a votos, não vai convencer mais ninguém”, escreveu o democrata-cristão.

João Almeida deixa o Parlamento

O deputado e adversário de Francisco Rodrigues dos Santos nas eleições internas de há dois anos recorreu às redes sociais para se despedir do Parlamento. No Facebook, João Almeida escreve: “A última. A despedida. No debate do OE’22. A combater a esquerda. Como sempre fiz. Foram 13 dos últimos 20 anos. Deixo o parlamento com enorme gratidão por ter tido a honra de servir o meu país na sua casa da democracia”.

Apesar de garantir que esta saída do Parlamento estava há muito prevista e não está relacionada com a situação interna do CDS ou com o adiamento do Congresso do partido, João Almeida não deixa de apontar o dedo a Francisco Rodrigues dos Santos.

“Já tinha decidido e anunciado que não integraria as listas nas próximas eleições e que o meu percurso parlamentar estava encerrado. Gostava de sair e ver o CDS crescer, a direita a afirmar-se e de ter orgulho em quem me substituísse. Temo que não seja possível. Infelizmente, o atual CDS não tem nada a ver com o que me trouxe à política. Falta ética, falta carácter e falta substância. (Só faço esta declaração aqui porque me impediram de discutir a situação do partido em congresso, como desejava”), lamenta João Almeida.

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