O Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, recebe cerca de 120 crianças queimadas por ano, que são colocadas ao fundo de um corredor, onde estão os dois quartos que, há mais de duas décadas, funcionam como espaço provisório da Unidade de Queimados, desde que esta está fechada para obras, segundo noticia o Expresso. A equipa da Unidade de Queimados do Hospital diz estar no limite e entregou uma escusa de responsabilidade civil pelos cuidados prestados.

Segundo declarações de quem lá trabalha são apontados vários problemas, como as falhas constantes no ar condicionado, a falta de compressas para fazer os pensos indicados para os doentes, a limpeza, mais especificamente a Balneoterapia, que é tratar com banho. “Tem sido uma das nossas batalhas conseguir o banho das crianças antes de cada penso. Os queimados devem tomar banho e lavar as queimaduras, por exemplo, com sabão, para reduzir as bactérias que se acumulam na ferida. Há quatro ou cinco anos que não temos balneoterapia de forma sistemática”, conta uma médica ao Expresso. Associada ao banho está a anestesia, uma vez que é preciso sedar as crianças. Mas a falta de condições dita que as crianças tenham de ser sedadas no bloco operatório para o banho e para alguns pensos, acrescenta a médica.

Mas os problemas não ficam por aqui e a lista continua. Segundo o Expresso, a chefe de unidade demitiu-se no início do mês, as queixas ao conselho de administração surgem todos os meses, e a equipa já enviou uma carta a dizer que não se responsabiliza pela falta de condições e que transferirá doentes. Há ainda a falta de enfermeiros. Segundo fonte do hospital, os mesmos profissionais de saúde têm de prestar cuidados tanto às crianças queimadas como às que estão na enfermaria e, por falta de tempo, acabam por não trocar de roupa. Todas estas situações potenciam problemas, como as infeções.

Os profissionais que falaram ao semanário preferiram o anonimato e afirmam que os responsáveis do hospital prometem soluções que depois não são cumpridas. A administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) diz ao Expresso que “as situações relatadas são conhecidas e estamos a fazer um esforço para as resolver. Todos os dias procuramos minimizar as dificuldades que existem” e acrescenta que “o CHULC solicitou, de forma expressa, à tutela o reforço de dotação orçamental para fazer face à despesa inerente à concretização do projeto de obra na Unidade de Queimados”, mas sem resultados até ao momento, como explicam, “a concretização do projeto e as dotações necessárias para o efeito têm sido previstas, de forma continuada, no Plano de Atividades e Orçamento do CHULC, não tendo recebido até ao momento o necessário deferimento”. A administração afirma ao jornal que tem estado a trabalhar para encontrar soluções com as verbas próprias.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR