Nick Clegg, o vice-presidente para assuntos Globais do Facebook (que agora chama Meta à casa-mãe), que é um dos braços direitos de Mark Zuckerberg, o fundador e presidente executivo da empresa de Clegg, ia falar no mesmo palco em que esteve horas antes Frances Haugen, a denunciante que expôs as práticas da rede social. Contudo, sem aviso prévio do Facebook ou da organização da Web Summit, a conferência de Clegg começou atrasada e o responsável apareceu no palco em vídeo.
Desde manhã que o Observador tentou saber junto da organização se Clegg ia ou não estar realmente presente no evento, e qual seria a eventual razão de o responsável do Facebook não marcar presença, não tendo sido dada resposta até ao momento em que este apareceu remotamente em palco. No início da conferência, foi dito apenas aos presentes que “Clegg não conseguiu chegar a Lisboa”.
Ao Observador, o Facebook disse que a mudança de horário ocorreu a pedido da Web Summit, tendo Nick Clegg participado de bom grado via videoconferência. Não foi, contudo, avançando um motivo concreto pelo qual o ex-político britânico faltou ao evento.
Apesar de estar a milhares de quilómetros de distância, Clegg falou dos principais problemas que a rede social está a enfrentar, sem nunca falar diretamente de Haugen. “Fizemos um progresso significativo”, afirmou voltando a negar as alegações feitas pela denunciante. Entre problemas de conexão que dificultaram a conversa em palco, Clegg diz que a empresa tem trabalhado para corrigir problemas sem deixar de ser sustentável.
Indiretamente, o vice-presidente de assuntos globais do Facebook referiu-se a algumas críticas que, na segunda-feira, a denunciante apontou à rede social, dizendo que, na Etiópia, um país que Haugen disse estar a sofrer devido às alegadas más práticas da empresa, a organização tem-se “focado” em resolver problemas. “Nos últimos anos alocamos grandes recursos para mudar drasticamente e reduzir a distribuição de informação que circula em situações de emergência”, exemplificou Clegg.
“Não queremos construir o metaverso sozinhos”
Houve também tempo para Clegg falar da mudança de nome do Facebook para Meta. “Não queremos construir o metaverso sozinhos, vai ser colaborativo”, disse o responsável. Na passada quinta-feira, o dirigente do Facebook foi uma das caras da mudança de nome da empresa. Antes de Zuckerberg anunciar o novo nome da empresa, Clegg foi questionado pelo líder da Meta sobre as garantias de privacidade que o Facebook diz ir aplicar à sua ideia de metaverso.
Nesta Web Summit, o responsável de assuntos voltou a prometer que este projeto está a ser feito “de uma maneira diferente” para evitar erros como os que a empresa já fez. “Estamos numa curva evolucionária e o Facebook está a investir milhares de milhões de dólares no metaverso”, referiu ainda Clegg.
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Em Silicon Valley, na Califórnia (EUA), onde está desde outubro de 2018, Clegg assume a pasta de assuntos globais e comunicação das redes sociais mais utilizadas em todo o mundo, Facebook e Instagram. No passado, entre 2010 e 2015, Nick Clegg foi vice-primeiro-ministro no primeiro mandato de David Cameron, antigo primeiro-ministro britânico, tendo ocupado vários cargos políticos antes.
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A Web Summit arrancou na segunda-feira novamente em formato presencial depois de um ano em que foi totalmente online. Até quinta-feira, passarão pelo Altice Arena e pela FIL nomes como Brad Smith, presidente da Microsoft, Tim Berners-Lee, inventor da Web. Esta terça-feira, espera-se ainda presença da atriz Amy Poehler. No evento de abertura, estiveram presentes, além da denunciante Frances Haugen, Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. Este ano, devido à pandemia de Covid-19, há várias restrições. Contudo, a organização espera um total de cerca 40 mil pessoas.