Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal nos Açores, está disposto pelo menos abster-se no orçamento da região após ter havido alterações ao documento, por parte do governo regional, que considera relevantes. Com este sentido de voto do representante liberal será preciso mais uma abstenção, mesmo que os dois eleitos pelo Chega — um deles já fora do partido — votem a favor.

Neste caso, uma abstenção do PAN, seguindo o sentido de voto do ano passado, aprovará o orçamento e salvará o governo, mas o partido está mais perto de um voto contra.

Para os liberais, o documento conhecido esta terça-feira está “muito mais perto” do que o partido pretendia para os Açores, havendo uma “condição mais do que suficiente para reanalisar o processo” e “repensar a decisão”, estando a IL “mais perto de uma abstenção” do que no orçamento inicialmente conhecido. Porém, “falta um pedacinho para o voto ser favorável” — o voto que permitia a solução de direita nos Açores prosseguir sem ajuda externa.

IL no parlamento açoriano ameaça votar contra orçamento e rasgar acordo com PSD

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Em declarações ao Observador, Nuno Barata explica que na questão do endividamento — uma das maiores críticas feitas ao governo regional — existe uma “redução de 295 milhões de euros para 170 milhões de euros”. Trata-se de uma redução de 125 milhões de euros e a questão da SATA, levantada pelo deputado liberal, comporta 133 milhões de euros.

Sem querer avançar com muito pormenor por ainda não ter analisado todo o documento em pormenor, Barata enaltece que numa primeira análise não fica com a sensação de que a redução do endividamento comporte o que era defendido pelo partido, mas assume que “há uma base de trabalho mais séria”, sendo de realçar também a “redução dos custos com pessoal”.

Já o PAN, que pode ser fundamental para salvar o governo regional através de uma abstenção, “perdeu a confiança no Governo devido à polémica das Agendas Mobilizadoras e está “mais para votar contra do que para a abster-se ou votar a favor”.

“PAN absteve-se no ano passado como uma forma de dar confiança ao Governo, mas estão a andar para trás em vez de andar para a frente”, alerta o deputado do PAN, Pedro Neves.

Apesar de ficar num lugar de decisão se o deputado da IL se abstiver, o PAN diz estar “livre para votar o que quiser” e atribui toda a “responsabilidade” para os liberais. “A IL é que tem obrigatoriedade de dar voto de segurança porque tem acordo”, esclareceu.

Em outubro, o deputado da Iniciativa Liberal tinha ameaçado não aprovar o orçamento e, em consequência, rasgar o acordo que existe nos Açores, em que Chega e IL suportam um governo de direita sem fazerem parte dele.

Nessa altura, em declarações à Rádio Observador, Nuno Barata admitiu que havia uma “possibilidade clara” de rasgar o acordo, ao recordar que o objetivo do entendimento firmado após as eleições era “transformar os Açores numa região menos socialista e com menos intervenção do Estado na vida dos cidadãos, resolvendo os seus problemas e não criando mais”.

O representante da Iniciativa Liberal (IL) na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Nuno Barata, tinha antecipado, em declarações à agência Lusa e à Antena 1, a intenção de “não aprovar o orçamento” se este “mantiver um endividamento de 295 milhões de euros, o que hipoteca as gerações futuras para injetar na [companhia aérea] SATA mais 133 milhões de euros em aumento de capital, sem que a empresa demonstre que vai reduzir o passivo”.