A dragagem no âmbito da obra do Porto de Leixões tem um “vetor de sustentabilidade” que prevê a reposição de sedimentos no litoral e não “acarreta preocupações ambientais”, garantiu esta segunda-feira a APDL.
Esta intervenção, feita no âmbito da obra de prolongamento do quebra-mar exterior e de melhoria das acessibilidades marítimas ao Porto de Leixões, em Matosinhos, está agora numa “primeira etapa, que diz respeito à dragagem de sedimentos”, seguindo-se “uma segunda etapa, que é a dragagem da rocha”, explicou aos jornalistas o engenheiro civil Hugo Lopes.
Questionado sobre a cor escura dos sedimentos que se encontram nas praias do Porto e em Matosinhos, o engenheiro da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) explicou que é como nos leitos dos rios, onde há “alguns lodos” e outro material “um bocadinho mais turvo, mais escuro, que dá alguma cor“.
Estamos a viver, nestes últimos dias, um mar maravilhoso, um mar espelhado, e, portanto, há pouca emulsão, pouca mistura dessas partículas e, portanto, leva algum tempo até que essas partículas acabem por se diluir no meio hídrico, mas, como digo, não acarreta qualquer tipo de preocupação do ponto de vista ambiental”, garantiu.
O responsável pela empreitada destacou que a dragagem inclui um “vetor de sustentabilidade”, prevendo a sua devolução às praias, “sempre que o material é de boa qualidade”.
Quando essa condição se verifica, e “a sua granulometria é compatível com as areias das praias”, esse material é devolvido ao litoral, para “melhorar o comportamento das praias, combatendo, em certa medida, a erosão”.
“Previamente a cada intervenção, (…) fazemos uma caracterização dos sedimentos. Podemos avançar que estes sedimentos, naquela zona que estamos a dragar, são de classe um. Há uma escala de cinco — classe um significa o melhor material possível para alimentar a praia”, adiantou.
Em nota de imprensa, a APDL acrescenta que “as dragagens estão a ser feitas no canal de acesso e no anteporto do Porto de Leixões, mas apenas as areias dragadas no canal de acesso são descarregadas na envolvente do Castelo do Queijo”.
“O restante material é descarregado no vazadouro ao largo, a cerca de 2,26 milhas“.
As dragagens junto às praias devem terminar na próxima quarta-feira.
Os restantes trabalhos, mais afastados da orla costeira, acontecerão até ao final de novembro.
Com um prazo de execução de 30 meses, a empreitada de melhoria das acessibilidades marítimas ao Porto de Leixões, que compreende o prolongamento do quebra-mar em 300 metros e a dragagem da bacia de rotação, implica um investimento de 147 milhões de euros.
Destes, 131 milhões de euros são em obra e o restante em serviços complementares como fiscalização e coordenação de segurança.
Em dezembro de 2020, o presidente da APDL, Nuno Araújo, adiantou estar a ser feito um estudo sobre o “valor económico do desporto de ondas em Matosinhos e no Grande Porto”, uma das recomendações do “parecer favorável condicionado” da comissão de avaliação ambiental.
Por isso, a APDL prevê indemnizar, se for caso disso, as empresas deste setor ou apoios e equipamentos de praia (bares e restaurantes), ressalvou.