O termo “Megxit”, que tem vindo a ser utilizado pela imprensa britânica e mundial para se referir ao processo de afastamento de Harry e Meghan Markle das suas responsabilidades reais — e à mudança do casal para os Estados Unidos da América — é “misógino”. Quem o diz é o Príncipe Harry, marido da duquesa de Sussex, que vê na expressão uma tentativa de visar, ferir e imputar a responsabilidade do processo à mulher.

A ideia foi proferida durante um painel de debate intitulado “A Máquina de Mentiras da Internet”, organizado pela revista norte-americana Wired. Nessa conferência, o Príncipe Harry apontou aquela que garante ser a origem da expressão:

Talvez as pessoas saibam isto ou talvez não o saibam, mas o termo Megxit era ou é um termo misógino e foi criado por um troll, amplificado por correspondentes que escrevem sobre a família real e foi crescendo, crescendo e crescendo até chegar aos meios de comunicação mainstream. Mas começou com um troll”, defendeu, citado pelo The Guardian e pela Agência Reuters mas aparentemente sem dizer quem foi ao certo o inventor da expressão.

Com a saída do Reino Unido, a mudança para os EUA e o afastamento de Harry e Meghan Markle das suas responsabilidades reais, as insígnias militares do príncipe — The Royal Marines (fuzileiros), RAF Honington (força aérea) e Royal Navy Small Ships and Diving (marinha) — voltam a pertencer à rainha, à semelhança dos papéis de representação do Queen’s Commonwealth Trust e da Association of Commonwealth Universities. Harry deixou ainda de ser patrono da The Rugby Football Union e da The Rugby Football League. Já Meghan perdeu o mesmo estatuto em relação ao The Royal National Theatre.

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“Perdi a minha mãe, estou determinado a não perder a mãe dos meus filhos”

O Príncipe Harry referiu-se ainda, na conferência promovida pela revista Wired, a um estudo divulgado no mês passado por uma empresa de análise de redes sociais, a Bot Sentinel, que estimou que 70% do conteúdo de ódio e de desinformação visando Meghan e Harry nas redes sociais tinham origem em apenas 83 contas criadas na rede social Twitter.

Para o Príncipe britânico, porém, “talvez o mais perturbador nisto tenha sido o número de jornalistas britânicos que estavam a interagir com eles [trolls do Twitter] e a amplificar as suas mentiras. Acabavam por expelir essas mentiras como verdades”.

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Considerando a desinformação como “uma crise global e humanitária”, Harry lembrou ainda a história da sua mãe, a Princesa Diana, e a forma como a progenitora foi perseguida pelos paparazzi e pelos tablóides britânicos: “Aprendi desde muito cedo que o que norteia o que se publica não está necessariamente alinhado com o que norteia a busca pela verdade. Conheço esta história muito bem. Perdi a minha mãe para esta raiva que se auto-produz e obviamente estou determinado a não perder a mãe dos meus filhos para isto”.

O marido de Meghan Markle garantiu ainda ter enviado uma mensagem ao presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, uma semana antes da invasão ao Capitólio de 6 de janeiro. Nessa mensagem, Harry garante ter avisado o responsável do Twitter que “a sua plataforma estava a permitir que se montasse um golpe”. Esse tal “golpe” acabou por acontecer e Harry garante “não ter tido qualquer resposta ou reação” à mensagem desde então.