No apuramento para o Mundial 2014, Portugal não foi além do segundo lugar do Grupo F, ficando atrás da Rússia, e teve de se sujeitar ao playoff para marcar presença no Brasil. Contra a Suécia, numa eliminatória que se tornou mítica, Cristiano Ronaldo carimbou um hat-trick na segunda mão e atirou a Seleção Nacional para o Campeonato do Mundo. De lá para cá, entre Euro 2016, Mundial 2018 e Euro 2020, a seleção portuguesa não voltou a precisar de matemática complexa para chegar às competições internacionais. Até agora.

A notícia de uma mudança de sina foi manifestamente exagerada (a crónica do Portugal-Sérvia)

Com a derrota frente à Sérvia, Portugal não fez melhor do que o segundo lugar do Grupo A e terá de ir ao playoff de acesso para garantir uma das três vagas da qualificação europeia para o Mundial 2022. O sorteio está marcado para o próximo dia 26 de novembro e vai englobar dez segundos classificados dos grupos da qualificação da zona europeia e também os dois melhores classificados da última edição da Liga das Nações que não tenham conseguido o apuramento direto ou um lugar no playoff. Estas 12 seleções serão depois divididas por três caminhos de quatro equipas que vão disputar uma espécie de mini-torneio com meias-finais e final a uma só mão. Os vencedores de cada caminho conseguem, então, a qualificação para o Mundial do Qatar, sendo que as meias-finais estão agendadas para os dias 24 e 25 de março e a final de cada mini-torneio realiza-se a 28 ou 29 de março.

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Atualmente, e com Portugal a saber desde logo que será cabeça-de-série no sorteio, os atuais oponentes poderão ser dois: Macedónia do Norte, uma das segundas piores classificadas da qualificação europeia para o Mundial, e Áustria, devido ao desempenho na Liga das Nações. No Grupo E, também já é conhecido que o segundo classificado será o País de Gales ou a República Checa, sendo que todas as contas só ficarão fechadas na próxima terça-feira, o dia da última jornada dos grupos que ainda não estão fechados.

A Seleção Nacional não perdia em casa em fases de qualificação desde setembro de 2014 — contra a Albânia, no jogo que motivou a saída de Paulo Bento — e, se olharmos só para os apuramentos para Campeonatos do Mundo, não era derrotada em território português desde 2008, contra a Dinamarca. Ainda assim, a sorte parece estar a favor de Portugal no que toca a playoffs de acesso: em três disputados, em 2010, 2012 e 2014, a Seleção venceu sempre e acabou por garantir as respetivas qualificações.

Fernando Santos, que acabou por optar novamente por apresentar um onze algo cauteloso com Danilo, João Palhinha e João Moutinho, assumiu a responsabilidade na flash interview e vai agora disputar um playoff pela primeira vez desde que chegou à Seleção. “Não foi uma melhor exibição do que na quinta-feira [com a Irlanda]. Entrámos bem, pressionámos, fizemos golo. Depois começámos a não ter bola, a baixar linhas e a chegar atrasados. O adversário a jogar a quatro, dificilmente acertámos as marcações. Depois meti quatro médios interiores, para os laterais não estarem tão fechados e abrirem mais. Tivemos sempre muitas dificuldades. Tentei, os jogadores tentaram, lutaram. Sempre que ligámos o jogo criámos situações e dificuldades. Mas a maior parte das vezes não conseguimos. A responsabilidade é minha. A mensagem não era para jogarmos assim. Se fosse para empatar não teríamos jogado assim, em 4x3x3″, disse o selecionador nacional, analisando depois as alterações que procurou fazer ao intervalo e na segunda parte.

“Alguns jogadores não conseguiram perceber bem as mensagens na primeira parte e ao intervalo eles meteram dois avançados. Queria que os nossos laterais subissem mais, que jogassem mais a frente. O jogo aí ficou mais equilibrado. Não houve tanta dificuldade. Criámos duas ou três oportunidades de golo, eles também. Tivemos o lance flagrante do Renato, a dada altura teve que sair. Metemos o Bruno Fernandes para continuar a dar mobilidade à equipa”, acrescentou Fernando Santos, que só colocou André Silva em campo já depois do segundo golo da Sérvia.

Ainda assim, e mesmo assumindo a exibição pobre da Seleção Nacional, o selecionador garantiu que Portugal vai “estar no Qatar”. “O nosso ADN é para jogar no pé mas tivemos dificuldades. É verdade que a equipa se despersonaliza. O Bernardo quis bola mas foi o único. Jogámos sempre com receio e alguma ansiedade. Para o lado, para o guarda-redes… A responsabilidade é minha. Todos sabemos que não fizemos tudo o que devíamos. Mas vamos estar no Qatar. Os jogadores sabem que sempre jogamos para ganhar, a pensar no momento ofensivo e não tanto no defensivo. Nem sempre sai como quero nem como os jogadores querem. A responsabilidade é minha”, terminou o treinador.