O general Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, acusado de promover práticas de tortura, foi eleito esta quinta-feira presidente da Interpol durante a assembleia do organismo internacional de cooperação policial que se realizou em Istambul.
“Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, foi eleito para o cargo de presidente (para um período de quatro anos)”, anunciou a Interpol através da rede social Twitter.
???? NEWS: The #INTERPOLGA has elected Ahmed Nasser Al Raisi of the United Arab Emirates as the Organization’s new President. Mr Al Raisi was elected following 3 rounds of voting. In the final round he received 68.9% of votes cast by member countries. More????https://t.co/pRGm2zixPG
— INTERPOL (@INTERPOL_HQ) November 25, 2021
Várias organizações internacionais, entre as quais a Human Rights Watch, tinha alertado sobre a candidatura de Al Raisi, que acusam de ser um dos máximos responsáveis policiais dos Emirados Árabes Unidos, um país que usa métodos repressivos contra os dissidentes políticos.
David Calvert-Smith, ex-procurador inglês, publicou em abril um relatório referindo que Al Raisi “coordenou o aumento da repressão contra os dissidentes” através de práticas de tortura e de abusos do próprio sistema judicial dos Emirados Árabes Unidos.
Por outro lado, os advogados de dois cidadãos britânicos apresentaram uma denúncia formal contra Al Raisi “por tortura”.
Um deles, Matthew Hedges, que chegou a ser condenado a prisão perpétua nos Emirados Árabes Unidos, acusado de espionagem, foi indultado e libertado há três anos.
A organização Centro de Direitos Humanos para o Golfo interpôs uma denúncia contra Al Raisi em França, país onde se encontra a sede da Interpol, em Lyon, alegando que o ativista político Ahmed Mansur foi alvo de torturas nos Emirados Árabes Unidos.
Da mesma forma, um gabinete de advogados turco apresentou uma denúncia à Procuradoria da Turquia contra o general por torturas a Ahmed Mansur.
O general Ahmed Naser al Raisi concorria ao cargo contra a candidata da República Checa, Sárka Havránková que se tinha apresentado com as promessas de “adequar o trabalho da Interpol ao espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos”.