Poucos minutos depois de anunciada a demissão de Eduardo Cabrita, António Costa reagia no Porto de Leixões para confirmar que já tinha aceitado o pedido do ministro da Administração Interna e comunicado ao Presidente da República. Sobre o timing da demissão, Costa afirma que acontece esta sexta-feira porque foi o dia em que foi conhecida a decisão do Ministério Público e ainda escuda Cabrita na hora da saída: “acusação nada diz sobre o ministro”.
Eduardo Cabrita demite-se depois de acusação no caso de atropelamento mortal
“Aceitei o seu pedido de exoneração, já comuniquei ao Presidente da República e oportunamente designarei uma personalidade para substituir Eduardo Cabrita”, apontou o primeiro-ministro “agradecendo os seis anos de colaboração” de Cabrita. “É um ciclo que termina”, afirmou acrescentando que “nos próximos dias” irá indicar a Marcelo Rebelo de Sousa “uma personalidade que possa exercer as funções de ministro da Administração Interna até às eleições”.
“O ministro da Administração Interna entendeu que estando a decorrer um inquérito sobre a responsabilidade de um acidente de automóvel não devia tomar nenhuma iniciativa que perturbasse o normal correr das investigações nem significasse a antecipação, recusa ou afirmação de qualquer tipo de responsabilidade”, afirmou António Costa acrescentando que “a acusação nada diz sobre o ministro”. “Refere-se ao motorista que tem naturalmente direito à presunção de inocência, exercício do contraditório, e apuramento da verdade”, notou.
“Quero enfatizar resultados e ganhos em termos de segurança que o país teve ao longo dos últimos quatro anos. Na redução dos índices de criminalidade e esforço de todos os cidadãos e Proteção Civil nos resultados em termos de diminuição do número de incêndio”, lembrou António Costa.
Sobre as declarações de Cabrita desta manhã — quando afirmou ser um “apenas um passageiro” — António Costa rejeitou comentar, referindo “respeitar” os trâmites das instituições portuguesas. Sobre a “falta de idoneidade da GNR e Ministério Público apontadas por alguns” António Costa diz que fica provado que “ninguém está acima da Lei” e que as “autoridades judiciárias investigam”.
Eduardo Cabrita convocou uma conferência de imprensa ao final da tarde desta sexta-feira para comunicar que tinha solicitado a António Costa a exoneração do cargo de ministro da Administração Interna no mesmo dia em que foi tornada pública a acusação de homicídio por negligência ao motorista do carro do ministro que atropelou mortalmente um trabalhador na A6 em junho deste ano.