Os testes à Covid-19 feitos no desporto por todos os atletas já geraram alguns casos no mínimo estranhos. Por exemplo, Seth Curry, irmão da estrela Stephen Curry, foi retirado a meio de um jogo e colocado logo em isolamento ao conhecer um resultado positivo a meio de um jogo dos Philadelphia Sixers com os Brooklyn Nets (assim como os companheiros de equipa ficaram de quarentena, não os adversários porque o jogador estava ainda no banco e não tinha entrado). Antes, em outubro do ano passado, Justin Turner também acusou positivo a meio de um jogo dos Los Angeles Dodgers, saiu mas voltou e sem máscara para festejar com os companheiros o título diante dos Tampa Bay Rays. Depois, no Brasil, Valdívia, avançado do Avaí, fez a primeira parte, foi para os balneários e foi substituído ao intervalo após um teste positivo.
Ponto comum das situações (descontando o erro de Turner, que levou a Liga Americana de Basebol a abrir um inquérito pelo sucedido)? Mesmo que tardio, o resultado do teste serviu para haver uma atuação rápida perante o jogador em causa. Mas nem sempre é assim e, no ténis, já aconteceu também ao contrário.
O primeiro caso aconteceu ainda em janeiro, quando Denis Kudla estava a disputar o qualifying do Open da Austrália em Doha (devido às restrições existentes no país a fase de apuramento realizou-se noutro país), soube a meio do encontro frente ao marroquino Elliot Benchetrit que tinha testado positivo, o árbitro do encontro permitiu que o mesmo acabasse, o norte-americano ganhou mas foi depois desqualificado, cumprindo aquilo que estava previsto nos regulamentos onde cada caso era como uma “derrota”. “A ideia dos testes é saber resultados antes, não andarmos a colocar em risco outros. No entanto, tudo tem estado a demorar mais do que era suposto”, comentou no final da partida (e da “vitória”) Benchetrit.
Escándalo: jugó un Challenger con Covid-19 y eliminó a un argentino
Felipe Meligeni dio positivo pero aún así le permitieron enfrentar y vencer a Andrea Collarini antes de ser baja por la enfermedad.https://t.co/rt8A5Jr55N
— TyC Sports (@TyCSports) December 5, 2021
Agora, no Challenger de São Paulo do ATP, a situação foi diferente mas levantou ainda mais polémica. Tudo aconteceu entre quinta e sexta-feira, na antecâmara do encontro dos quartos entre o brasileiro Felipe Meligeni e o argentino Andrea Collarini: o tenista da casa testou positivo na quinta-feira num teste PCR, fez um teste antigénio na manhã seguinte que já deu negativo e foi autorizado a jogar na mesma, vencendo mesmo o jogo em três sets com os parciais de 6-4, 4-6 e 6-3. Ganhou, festejou e… desistiu.
No sólo está el tema del perjuicio a quien venció el viernes, sino que de comprobarse los hechos, los organizadores del torneo de #SaoPaulo, autoridades de #ATP y Meligeni????????, pusieron en riesgo la salud de @andreacollarini y de quienes estuvieron próximos al brasileño https://t.co/alphZi5vQV
— Enrique Quique Cano (@QuiqueCano) December 4, 2021
No dia seguinte, quando estava não só nas meias do quadro de singulares como na final dos pares (com Rafael Matos), Felipe Meligeni saiu do torneio, estendendo a passadeira para o italiano Luciano Darderi chegar à partida decisiva, onde perdeu com o argentino Juan Pablo Ficovich (6-3 e 7-5). Quem não gostou nada da situação foi Andrea Collarini, que através do Twitter lançou duras críticas à organização da prova. “Estive a ligar para pedir explicações, uns não atendem, outros dizem que se vão informar. Neste mundo corrupto faz-se pensar que estão a fazer de tudo para que esta situação ainda fique dentro das regras. Uma vergonha”, escreveu o tenista argentino, que queria ter acedido à meia-final em detrimento de Meligeni.
Estuve llamando para pedir explicaciones, algunos no contestan y otros me dijeron que se están informando. En este mundo tan corrupto, me hace pensar que se está armando todo como para que quede dentro de las reglas. UNA VERGÜENZA https://t.co/6EnBW3zfCL
— Andrea Collarini (@andreacollarini) December 4, 2021
Ainda não houve explicações oficiais sobre o sucedido mas outro argentino, neste caso o antigo jogador Carlos Berlocq que venceu quase 20 challengers e fez parte da equipa da Taça Davis, juntou-se ao coro de críticas. “Falei com o supervisor, com o torneio e com a ATP e nem eles sabem a decisão grave que tomaram no caso. Isto não é um jogo, é a saúde mundial. Espero que exista uma penalização para os responsáveis”, escreveu na sua conta oficial do Twitter poucas horas depois do sucedido.
https://twitter.com/charlyberlocq/status/1467273974409273351