O Parlamento Federal alemão elegeu esta quarta-feira, em Berlim, o social-democrata Olaf Scholz como chanceler e deu posse aos 16 ministros do seu governo de coligação com os Verdes e os liberais do FDP.

A sessão na câmara baixa do Parlamento Federal (Bundestag) começou às 09h00 locais (menos uma hora em Lisboa), com a eleição do chanceler por voto secreto dos 736 deputados. Scholz obteve 395 votos a favor e 303 contra. Seis deputados abstiveram-se. Isto significa que nem todos os deputados dos SPD, Verdes e FDP (os partidos que compõem a chamada “coligação semáforo” que sustenta o governo) votaram a favor de Scholz, já que nesse cenário o novo chanceler teria obtido 416 votos favoráveis.

Nos termos constitucionais, o nome do chanceler é proposto pelo Presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, ao parlamento presidido por Bärbel Bas.

Toma posse como chancelar alemão sem referência a Deus

Após uma interrupção da sessão, Scholz tomou posse no Parlamento e jurou que se dedicará “ao bem-estar do povo alemão”. Omitiu a parte do juramento em que os chanceleres costumam dizer “com a ajuda de Deus”, por não ser crente — mas, como relembra a Deutsche Welle, tal não é novo, já que o tinha feito na tomada de posse como ministro das Finanças do último governo de Angela Merkel.

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Olaf Scholz, 63 anos, sucede a Angela Merkel, da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), e tornar-se o nono chanceler da Alemanha em 72 anos. Merkel, 67 anos, não se recandidatou a um quinto mandato como chanceler, após 16 anos e 17 dias em funções, menos nove dias do que o recorde no cargo do também democrata-cristão Helmut Khol (1982-1998).

Oito homens e oito mulheres tomam posse como ministros

Pelas 13h35 locais (12h35 em Lisboa), está prevista a posse dos 16 ministros, oito homens e oito mulheres, depois da sua nomeação formal por Steinmeier.

Além do chanceler, o SPD indicou sete ministros (quatro mulheres e três homens), os Verdes cinco (três mulheres e dois homens) e o FDP quatro (três homens e uma mulher). É a primeira vez que a Alemanha tem uma coligação governamental tripartida desde 1950.

O co-presidente dos Verdes, Robert Habeck, será vice-chanceler (cargo ocupado até agora por Scholz) e ministro da Economia e do Clima. A outra líder dos Verdes, Annalena Barbock, será a ministra dos Negócios Estrangeiros. O presidente do FDP, Christian Lindner, vai substituir Scholz como ministro das Finanças.

O acordo de coligação “Ousar mais progresso”, de 177 páginas, foi assinado na terça-feira pelos três partidos, após a aprovação dos respetivos aparelhos partidários.

O novo Governo assume como prioridades o combate à pandemia de Covid-19 e às alterações climáticas, a modernização da economia e a introdução de políticas sociais mais liberais. No plano externo, o executivo diz querer empenhar-se no fortalecimento da União Europeia (UE), na parceria transatlântica, na NATO e na cooperação multilateral, com respeito pelos direitos humanos.

Com a posse de Scholz, o Partido Social-Democrata da Alemanha passa a ter elementos seus nos principais cargos do Estado, dado que Frank-Walter Steinmeier e Bärbel Bas também são do SPD.