Para uns, a hipótese de se colarem à liderança; para outros, a oportunidade de reduzirem distâncias para os primeiros lugares antes do início da segunda volta. O primeiro dérbi da temporada entre Benfica e Sporting, disputado no Pavilhão da Luz esta noite, tinha como principal contexto os últimos resultados do FC Porto, equipa que começou o Campeonato com nove vitórias seguidas mas que nas derradeira três jornadas, já com a presente, averbou uma derrota com o HC Braga e um empate em Tomar, dando a oportunidade para os principais adversários se aproximarem. Mas havia mais em jogo.

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Apostando num novo treinador (Nuno Resende) e com as contratações de Pablo Álvarez, Poka e do jovem Pol Manrubia, o Benfica tinha como objetivo o início de uma nova era sem o eterno capitão Valter Neves, que assumiu outras funções na estrutura. No entanto, depois de duas vitórias a abrir o Campeonato, o mês de outubro acabou por revelar-se fatídico para os encarnados, que em seis jogos sofreram quatro derrotas antes da paragem para o Europeu (Valongo, Oliveirense, Sp. Tomar e FC Porto). O regresso foi escrito com mais dois triunfos mas sem convencer, como aconteceu fora com o Turquel onde o triunfo pela margem mínima surgiu a um minuto do final, e o dérbi surgia como possível catalisador para a redenção.

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“É sempre importante, histórico e cada dérbi tem a sua história. É fundamental darmos continuidade a esta série de vitórias e aproveitarmos o fator casa. Dentro do campo estamos mais competitivos, mais coesos, com mais qualidades defensivamente, com intensidade alta na transição ofensiva e defensiva e mais reação à perda de bola. São fatores que estamos a melhorar e este jogo vai expor-nos às dificuldades. Temos de saber o que fazer quando estamos a controlar o jogo, perceber a estratégia que o Sporting pode trazer e as rotações que faz. É preciso termos a noção de como nos ajustarmos, mas também criarmos dificuldades, condicionarmos e sermos, ofensivamente, uma equipa como temos sido, sem temor em campo. Será um jogo de risco para o Benfica”, assumira Nuno Resende antes do dérbi.

Do outro lado, o Sporting, atual campeão nacional e europeu em título, chegava numa série de seis vitórias seguidas (as últimas mais folgadas diante de Sanjoanense e Parede) depois dos dois únicos percalços até ao momento, com um empate em Oliveira de Azeméis e a derrota no Dragão por números atípicos (9-5), tendo a possibilidade de igualar os azuis e brancos em caso de vitória. “É a qualidade coletiva, a forma como nos conseguimos superar em todos os momentos do jogo, a forma como nos conseguimos ajudar, a forma como somos solidários no jogo. Não me interessa perceber qual é o Benfica que existe, interessa-me perceber qual é o Sporting que nós temos”, resumira Paulo Freitas, técnico dos verde e brancos.

O encontro que começou com mais uma polémica a propósito dos bilhetes, com os visitantes mais uma vez a não terem apoio dos seus adeptos na Luz, foi pautado pelo equilíbrio durante grande parte do primeiro tempo até surgir o primeiro cartão azul a Gonzalo Romero, por falta sobre Carlos Nicolia, que veio fazer a diferença entre os dois conjuntos que se registava ao intervalo: Ângelo Girão ainda travou o livre direto de Lucas Órdoñez mas Gonçalo Pinto, no final do power play, inaugurou o marcador com um desvio à boca da baliza após grande passe de Diogo Rafael e, no mesmo minuto, aproveitando o súbito desmoronamento da defesa verde e branca, Lucas Órdoñez aumentou para 2-0 com um tiro de meia distância (23′).

Os encarnados souberam aproveitar a superioridade numérica e juntaram a isso uma grande atitude no plano defensivo que impediu o habitual volume de ocasiões do conjunto leonino, saindo para o descanso com dois golos de vantagem que ficaram reduzidos pouco depois por João Souto (29′). O arranque do segundo tempo foi quente, com mais azuis a Lucas Ódoñez e Gonçalo Nunes em simultâneo (30′), mas foi o Benfica que se voltou a adiantar desta feita não perdoando de livre direto pela décima falta dos verde e brancos por Nicolia (31′). Romero, num remate de meia distância, ainda voltou a reduzir para 3-2 (38′), os encarnados falharam depois um livre direto por Nicolia (42′) e protestaram e muito com a arbitragem após uma grande penalidade de Diogo Rafael que bateu no ferro de dentro mas não foi validado (43′).

Contra a corrente do jogo nos últimos minutos finais, e beneficiando da décima falta dos encarnados, Romero ainda conseguiu fazer o empate de livre direto num remate onde parecia que Pedro Henriques numa primeira instância tinha conseguido defender (48′) mas, logo no minuto seguinte, Órdoñez voltou a marcar num lance de classe na área e deu a vitória ao Benfica entre ânimos mais exaltados entre jogadores das duas equipas, ainda mais depois de um azul a Diogo Rafael por falta sobre Romero que Ferrant Font não conseguiu marcar (50′) antes de novo livre direto falhado agora por Órdoñez e um final polémico com os leões a reclamarem ainda um penálti dentro do tempo regulamentar antes de muita confusão, empurrões, ameaças e a necessidade de a polícia entrar no rinque para serenar os ânimos.