A temporada vai ainda no início, o Campeonato levava apenas quatro jornadas disputadas, o facto de haver playoff como na última época faz com que a classificação no final da fase regular perca algum peso. Ainda assim, e além de ser o primeiro clássico oficial no hóquei em patins em 2021/22, o FC Porto-Sporting tinha outros pontos de interesse paralelos à disputa dos três pontos, logo à cabeça a forma como os leões foram ao Dragão Arena conquistar o último título já depois de terem ganho também a Liga Europeia.

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Desde 1977 que o conjunto verde e branco não conseguia ganhar fora aos portistas para o Campeonato, uma série de mais de quatro décadas que teve pelo meio a suspensão da secção por parte dos leões mas onde os dragões ganharam sempre e de forma desnivelada em algumas situações. Na época passada, já em 2021, a realidade mudou: o Sporting empatou a dois na fase de grupos e, após perder o primeiro encontro da final, ganhou os outros dois no Dragão Arena, fazendo a festa do título na casa do seu rival.

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Fazendo apenas uma alteração no plantel, com a saída de Poka para o Benfica e a chegada de Telmo Pinto do Sporting, o FC Porto mudou de treinador e apostou em Ricardo Ares, antigo selecionador espanhol em masculino e feminino, para o lugar do compatriota Guillem Cabestany. E o início foi prometedor, com um arranque muito complicado na receção ao Óquei de Barcelos (4-3) a que se seguiram goleadas contra o Turquel (6-1), Marinhense (15-3) e Paço de Arcos (5-2). Já os leões, que viram sair Pedro Gil, Telmo Pinto e Alvarinho para o regresso de Henrique Magalhães e a entrada de João Almeida, ganharam logo a abrir a Taça Continental ao Lleida mas têm encontrado jogos complicados no plano nacional, ganhando a Valongo (5-3), HC Braga (6-3) e Sp. Tomar (7-4) entre um empate fora com a Oliveirense (2-2).

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Era neste contexto que chegava o clássico no Dragão, o primeiro com público e sem limite de lotação desde março de 2020, quando todas as competições pararam devido à pandemia. E houve quase uma “prenda” para assinalar esse regresso dos sócios e adeptos, com uma exibição de luxo que terminou com goleada por 9-5 frente ao Sporting, com cinco golos de Gonçalo Alves, e com o carimbo de liderança isolada na Liga, numa fase em que os azuis e brancos são o único conjunto que soma apenas vitórias na prova.

O encontro começou dividido, com o Sporting a ter ataques organizados com mais profundidade do que o FC Porto e a desperdiçar uma oportunidade de ouro logo no terceiro minuto com Romero a falhar um livre direto após cartão azul a Rafa e a desperdiçar a situação de power play que se seguiu. As bolas paradas iam ser o fator diferenciador até ao intervalo, com Gonçalo Alves a inaugurar o marcador de livre direto depois de um azul a Toni Pérez (5′) antes de João Souto empatar num desvio à boca da baliza (8′). O jogo estava vivo, com os ataques a serem superiores às defesas e com a toada de parada e resposta a manter-se: Rafa fez o 2-1 com um tiro de fora da área (10′), Ferrant Font marcou o 2-2 de livre direto após azul a Temo Pinto (12′), Reinaldo Garcia apontou o 3-2 em mais um lance bem gizado pelos dragões (13′).

A exceção dos muitos golos que marcaram os quatro encontros da final do Campeonato do ano passado estava mesmo a tornar-se uma regra e seriam os dragões a sair para o intervalo com dois dois golos de vantagem com três golos nos últimos quatro minutos: Gonçalo Alves marcou o 4-2 de livre direto após azul a Romero (21′), Ferrant Font reduziu também de livre direto na sequência da décima falta portista (21′), Gonçalo Alves marcou o 5-3 mais uma vez de livre direto após azul a Font (22′). O melhor marcador do Campeonato até ao momento estava a ganhar todos os duelos a Girão nas bolas paradas e foi com a entrada de Zé Diogo que os leões conseguiram não sofrer de livre direto já ao cair do pano (24′).

O segundo tempo começou com as mesmas características, ainda que sem tanta espectacularidade dos ataques organizados em transições em comparação com o que acontecera na primeira parte. Mais uma vez, o conjunto de Paulo Freitas voltou a desperdiçar um livre direto e a situação de power play após novo azul agora a Reinaldo Garcia (27′) mas Romero reduziria mesmo de grande penalidade (32′), antes de mais dois golos em dez segundos com Di Benedetto a fazer o 6-4 de livre direto (novo azul a Font) e Romero a ter uma resposta pronta com um remate ainda atrás do meio-campo para o 6-5 (34′). O encontro entrava na fase crítica onde um golo poderia mudar o rumo para um lado ou para outro mas a 15.ª falta dos leões acabou por sentenciar a vitória do FC Porto, com Gonçalo Alves a marcar o 7-5 de livre direto (40′) e a aumentar depois para 8-5 na sequência de uma transição 2×1 com assistência de Mena (41′). Mena, já na parte final, marcou o 9-5 que carimbou a grande exibição dos azuis e brancos este domingo (49′).