Mesmo que a Covid-19 provocada pela variante Ómicron seja tão grave ou mais leve que a desencadeada pela Delta, isso não descansa as autoridades de saúde: o aumento da transmissibilidade e o crescimento exponencial resultante dos casos “superarão rapidamente quaisquer benefícios de uma gravidade potencialmente reduzida”, avisou o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC).

As autoridades de saúde internacionais consideram “muito provável” que a variante Ómicron — que se tornará dominante até ao fim de fevereiro o mais tardar — vai causar mais internamentos e mortes do que as previstas para uma vaga desencadeada apenas pela Delta.

As autoridades de saúde internacionais também sugerem a redução do intervalo entre o término do esquema vacinal original e a administração da dose de reforço para três meses, menos dois do que o intervalo estipulado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) em Portugal. O ECDC argumenta que o impacto na proteção será maior se o reforço for administrado à maioria da população adulta dentro de um curto intervalo de tempo, mesmo que isso exija adaptações aos planos nacionais.

No novo relatório, o ECDC admite que já há transmissão comunitária da nova variante dentro da Europa e que o número de casos provocados por ela vai continuar a aumentar nos próximos dois meses. Há cada vez mais casos detetados nos sistemas rotineiros de vigilância das autoridades de saúde nacionais, muitos dos quais não estão relacionados com viagens.

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Variante Ómicron está a espalhar-se “a um ritmo nunca antes visto” e as vacinas não bastam para a travar, diz OMS

As declarações do ECDC surgem depois de também a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter avisado que a variante Ómicron se está a espalhar “a um ritmo nunca antes visto” noutras variantes do SARS-CoV-2 e que já estará na maioria dos países, mesmo naqueles que ainda não confirmaram qualquer caso positivo provocado pela nova linhagem. A OMS alerta ainda que a percentagem de casos globais da variante Delta do coronavírus está a cair pela primeira vez desde abril, no relatório semanal divulgado quarta-feira.

Em conferência de imprensa, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, avisou esta terça-feira que as vacinas não bastam para controlar o impacto da variante Ómicron na realidade epidemiológica dos países. “As vacinas sozinhas não vão tirar nenhum país desta crise”, atirou: “Não são vacinas em vez de máscaras, não são vacinas em vez de distanciamento, não são as vacinas em vez da ventilação ou da higiene das mãos. Façam tudo isso, façam de forma consistente e façam bem”.