(artigo atualizado às 11h50)
O multimilionário russo e dono do Chelsea, Roman Abramovich, é cidadão português desde abril, segundo o Público. O empresário naturalizou-se ao abrigo da Lei da Nacionalidade que possibilita a obtenção de cidadania a quem descende da antiga comunidade sefardita — para isso, as suas ascendências sefarditas foram comprovadas pela Comissão de Certificação do Sefardismo da comunidade judaica portuguesa, da qual é parceiro desde há uns anos.
A certificação, de acordo com o jornal, deu entrada na Conservatória dos Registos Centrais, em Lisboa, e no Ministério da Justiça em outubro de 2020 — ficou concluída em abril deste ano. São poucas as fontes face aos antepassados do empresário. O jornal destaca a página da Wikipédia que lhe é dedicada, versão em português e em inglês, que foi recentemente editada por Hugo Miguel Vaz, arqueólogo, museólogo e membro da Comunidade Judaica do Porto (CJP) e Curador do Museu do Holocausto do Porto, do qual Abramovich é um dos principais patrocinadores (a ligação deste à CJP tem-se estreitado nos últimos tempos).
As páginas da Wikipédia será uma das fontes sobre as origens da família do multimilionário nos arquivos da Biblioteca Virtual Judaica, sendo que o perfil em questão foi editado 18 vezes por Hugo Miguel Vaz entre 8 de junho e 25 de novembro, acrescenta o Público.
Abramovich com visto caducado. Retaliação do Reino Unido contra os russos?
Em maio de 2018 era notícia que o multimilionário estava no Reino Unido com um visto para empreendedores — não se sabia, então, quando é que as autoridades britânicas iam emitir um novo documento. À data, o The Guardian afirmava que o processo estava a demorar mais do que o habitual, podendo tratar-se de uma retaliação após Sergei Skripal, agente duplo russo radicado em Londres, ter sido assassinado. De acordo com uma porta-voz de Abramovich, o visto não foi renovado depois deste ter desistido e retirado a candidatura à sua renovação.
Mesmo com passaporte israelita, Governo de Theresa May não deixa Abramovich trabalhar no Reino Unido
Em maio desse mesmo ano, Israel concedeu-lhe nacionalidade. Mas, como chegou a escrever o Observador, o novo passaporte apenas permitia que Abramovich permanecesse no Reino Unido com o estatuto de visitante, e por um período máximo de seis meses, tal como confirmou um porta-voz de Theresa May, então primeira-ministra britânica: “Os cidadãos israelitas têm que obter um visto se quiserem viver, trabalhar ou estudar no Reino Unido”.
Comunidade Judaica do Porto assegura legitimidade do processo
O Observador, após a publicação deste artigo, foi contactado por fonte oficial da Comunidade Judaica do Porto que assegura que “o processo de certificação de sefardismo do lituano, português, israelita e russo Roman Abramovich, cuja documentação integral está há muito na posse da Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa, teve certificações das mais altas instituições judaicas internacionais, em respeito dos critérios legais”.
A mesma fonte assegura que “as doações que o artigo [do Público] sugere terem sido oferecidas à comunidade judaica do Porto cifraram-se no valor de €250,00 (duzentos e cinquenta euros), valor da taxa para todos quantos não são dela isentos, e nada têm a ver com as contribuições de Abramovich para a comunidade judaica portuguesa em geral”.
(artigo atualizado às 10h45 do dia 20 de janeiro de 2022)