Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua no Sudão, este domingo, para defender a revolução que depôs Omar al-Bashir há três anos e para protestar contra o golpe que impôs um regime militar em outubro.

Na capital, Cartum, uma multidão reuniu-se em frente ao palácio presidencial e foi dispersada com gás lacrimogéneo pelas forças de segurança, de acordo com o jornal The Guardian. A principal reivindicação do grupo é o afastamento do general Abdel Fattah al-Burhan, que liderou o golpe de outubro. “Queremos a queda de Burhan”, era um dos gritos de ordem.

O Sudão enfrenta um período de turbulência desde 2019, altura em que uma série de manifestações levou ao fim do regime de Bashir, que governava o país desde 1993. Os líderes militares e civis chegaram a um acordo para governar desde então, mas essa aliança foi derrotada a 25 de outubro deste ano, quando al-Burhan e outros militares colocaram o primeiro-ministro Abdalla Hamdok — entretanto libertado e reconduzido no cargo — em prisão domiciliária.

“Rejeitamos qualquer forma de golpe, mesmo com o regresso de Hamdok ao governo”, afirmou um dos manifestantes à Agência France-Press. “A nossa revolução, a gloriosa revolução de dezembro, é pelas instituições civis e por uma autoridade totalmente civil.”

O primeiro-ministro Hamdok tinha alertado no dia anterior para o risco de violência, dizendo temer que o país esteja “a deslizar para o abismo”. “Assistimos hoje a um retrocesso considerável no caminho da nossa revolução”, afirmou, pedindo contenção aos manifestantes.

Ao todo, pelo menos 45 pessoas morreram em protestos desde o golpe militar de outubro, segundo dados do Comité Médico do país.

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