Gorro azul a tapar bem a cabeça e as orelhas para combater o frio de Vizela, o adjunto Siramana Dembelé ao seu lado na bancada, dois computadores abertos muito provavelmente para ir acompanhando em tempo real números e outros ângulos do jogo, várias garrafas de água já vazias. Sérgio Conceição cumpriu o segundo jogo fora da área técnica depois da suspensão de 15 dias aplicada na semana passada e que não teve sucesso em termos de recurso. Foi dali também que viu mais um registo desde que assumiu o comando dos azuis e brancos no verão de 2017 e em vésperas de receber o Benfica na Taça de Portugal.

Uma bola para Vitinha, o brilho para os outros (a crónica do Vizela-FC Porto)

Com a goleada clara em Vizela, o FC Porto somou pela primeira vez com o treinador no comando uma série de dez vitórias consecutivas no Campeonato, alcançando também pela primeira vez nos últimos dois meses três triunfos seguidos contando com todas as provas (conseguidos depois da eliminação na Champions com o Atl. Madrid). Assim, os dragões passaram a somar 41 pontos, naquele que é o segundo melhor registo à 15.ª jornada na história do clube, igualando os números de Bobby Robson (1995/96), António Oliveira (1996/97) e André Villas-Boas (2010/11) e apenas atrás de Miguel Siska, em 1939/40. No entanto, nem o facto de todas essas campanhas terem acabado em título desviam o foco dos azuis e brancos.

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“Dez vitórias consecutivas não significam nada, só significa que estamos a fazer o nosso trabalho. Amanhã regressamos ao Olival para preparar o próximo jogo… Confiantes para o Benfica? Sim, confiantes mas não pelo que aconteceu aqui mas sim porque confiamos muito no nosso trabalho, na resposta que os jogadores nos dão em termos de trabalho e o que nos dão também em termos de aprendizagem porque com eles aprendemos muito todos os dias. Do lado de lá, dos jogadores, está gente com carácter, com brio, que trabalha de uma forma brava. Isso é o que nos dá conforto”, comentou na zona de entrevistas rápidas o técnico adjunto Vítor Bruno, que somou a sexta vitória noutros tantos jogos como principal.

“O Vizela tinha um registo caseiro admirável até à data, com uma derrota apenas com um candidato ao título e no último minuto, o que diz bem o que é perante os seus adeptos numa marca forte que o seu treinador também tanto apregoa. São adeptos que apoiam muito a equipa e era também nossa obrigação esvaziar um pouco o balão e atirarmo-nos ao jogo com tudo desde início. Conseguimos fazer isso, fizemos bem com várias oportunidades na parte inicial, umas sete ou oito. A equipa foi muito séria e honesta com o jogo e depois as coisas acabaram por sair. A partir de determinada altura, com o terceiro golo e a expulsão, e não sendo essa a mensagem que queremos passar para dentro do campo, as coisas acabam por entrar num registo de controlo do jogo que, não devendo acontecer, acaba por ser aceitável”, disse também à SportTV na análise à goleada em Vizela, antes de abordar a seca de golos de Taremi.

“Começámos com o Evanilson e o Taremi mas só com dois pontas de lança na teoria, porque o Mehdi tem pisado zonas diferentes do campo. Sentimos que em determinado momento os holofotes começaram a estar muito em cima dele, com a ausência de golos e assistências, e o nosso treinador também achou por bem tirá-lo um pouco da ação principal para ele também ganhar alguma segurança, alguma paz de espírito e perceber que quando voltasse iria fazer um jogo com a qualidade que ele sabe. Sei que as pessoas olham muito para os números, para o quantificável, mas é um jogador que percorre muito espaço no campo, cria espaços para os colegas, trabalha em apoio, ataca espaço. joga dentro do bloco adversário, joga por fora e dá-nos uma riqueza brutal ao jogo. Quase tem um radar na cabeça. É importante que se olhe para ele não só pelos números mas pela importância que tem também no nosso modelo. A bola não está a entrar mas vai entrar se calhar quando menos se esperar. E depois entra uma, duas, três…”, concluiu na flash interview, a propósito da série de dez encontros sem marcar do avançado iraniano.