O consórcio SUCH-Veolia, acusado pelo Ministério Público (MP) de ser responsável pelo surto de legionella em outubro de 2017 no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, requereu a abertura da instrução do processo.

“Confirmamos que o SUCH-Veolia apresentou um requerimento de abertura da instrução, de forma a pronunciar-se sobre os factos que lhe estão imputados e poder demonstrar as razões por que entende que essa acusação não devia ter tido lugar“, declarou à Lusa fonte oficial do SUCH-Veolia, que efetuava a limpeza e a manutenção das torres de refrigeração utilizadas para a produção e fornecimento de energia e água ao hospital.

Este agrupamento complementar de empresas, que junta o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) — tutelado pelos ministérios da Saúde e das Finanças — e a multinacional francesa Veolia, esclareceu também que “tem estado sempre à disposição das autoridades e do hospital para prestar todos os esclarecimentos, todas as informações e todas as análises que fossem solicitadas” sobre o surto que infetou pelo menos 56 pessoas e causou seis mortes.

“Continuamos a entender que a determinação da verdadeira origem deste surto depende de uma investigação profunda de todas as fontes possíveis de desenvolvimento de legionella”, acrescentou a mesma fonte, sem deixar de reiterar a sua confiança de que “os procedimentos de manutenção e prevenção praticados foram os adequados” e que a conformidade da sua implementação é “rastreável”.

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A SUCH-Veolia e os engenheiros Álvaro Lopes e Marco Sabino — a quem caberia zelar pelo correto funcionamento do equipamento — respondem pelos crimes de infração de regras de construção e 22 crimes de ofensa à integridade física, dos quais dois na forma agravada.

O surto de legionella no Hospital São Francisco Xavier, integrado no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, foi dado como terminado no dia 27 de novembro de 2017. O surto tinha sido confirmado no dia 3 de novembro.

A bactéria legionella é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até dez dias.

A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.