O Governo da Nicarágua confiscou a antiga embaixada e “todos os bens” de Taiwan naquele país, na sequência do corte de relações diplomáticas, e defendeu que estes pertencem à China, foi esta terça-feira divulgado.

O executivo liderado pelo Presidente Daniel Ortega rompeu relações com Taiwan este mês, revelando que apenas reconheceria o Governo de Pequim e “uma única China”.

Antes de partirem, os diplomatas taiwaneses manifestaram a intenção de doar a propriedade à arquidiocese católica romana de Manágua, noticia a agência AP.

No entanto, o Governo de Ortega referiu no domingo que qualquer doação seria inválida e que o prédio, num dos bairros nobres de Manágua, pertence à China.

A Procuradoria-Geral da República daquele país da América Central salientou, em comunicado, que a tentativa de doação foi uma “manobra de subterfúgio para tirarem o que não lhes pertence”.

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“O reconhecimento por parte de um Estado da realidade de apenas uma China (…) implica o registo imediato de todos os bens imóveis, bens pessoais, equipamentos e meios a favor do Estado reconhecido, a República Popular da China, com titularidade absoluta e irrestrita do domínio”, pode ler-se.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan condenou “as graves ações ilegais do regime de Ortega”, acusando o Governo de Nicarágua de violar os procedimentos padrão ao dar aos diplomatas taiwaneses apenas duas semanas para saírem do país.

A mesma fonte condenou a “obstrução arbitrária do Governo da Nicarágua à venda simbólica daquela propriedade para a Igreja Católica” daquele país.

Um dos responsáveis da arquidiocese de Manágua, referiu, citado pelo jornal La Prensa, que um diplomata taiwanês doou a propriedade à Igreja e que esta se encontrava em fase de registo dos bens.

A Nicarágua anunciou em 9 de dezembro a rutura das suas relações diplomáticas com Taiwan e o reconhecimento de “uma única China” dirigida por Pequim.

“O governo da República da Nicarágua declara que reconhece que no mundo solo existe uma única China”, apontou o ministro dos Negócios Estrangeiros nicaraguense, Denis Moncada.

Na sua declaração, o ministro acrescentou: “A República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China e Taiwan é uma parte inalienável do território chinês”.

Nicarágua tinha estabelecido relações diplomáticas com Taiwan na década de 1990, quando a Presidente Violeta Chamorro assumiu o poder depois de derrotar o movimento sandinista de Ortega nas urnas.

Daniel Ortega, eleito de regresso ao poder em 2007, manteve desde então relações diplomáticas com aquela região.

Taiwan, para onde o exército nacionalista chinês fugiu após a derrota contra as tropas comunistas na guerra civil, em 1949, tem um governo autónomo desde então, embora a China considere a ilha uma província e defenda a reunificação.

Esta medida do Governo de Nicarágua aumentou o isolamento diplomático de Taiwan, apesar dos esforços para estabelecer relações internacionais com países como a Lituânia e a Eslováquia.

Atualmente, Taiwan é reconhecido apenas por 14 Estados e tem vindo a intensificar os intercâmbios com países que não reconhecem oficialmente a ilha como um país.

Nos últimos anos a China tem caçado os aliados diplomáticos de Taiwan, reduzindo o número de países que reconhecem a ilha como nação soberana.