Em 2001, durante a gravação do primeiro filme da saga Harry Potter, a escritora britânica J.K. Rowling insistiu que fossem apenas contratados atores do Reino Unido, de modo a manter a identidade britânica presente nos livros.

Numa tentativa de cortar quaisquer tentativas de “americanizar” a saga, a escritora, citada pelo jornal Telegraph, disse numa entrevista em 2001 que “houve uma série de propostas e ofertas para adaptações” dos livros oara o cinema e recusou todas. “Inicialmente até disse que não à Warner Brothers”.

Inicialmente, rumores indicavam que seria Steven Spielberg a produzir o primeiro filme, mas um impasse criativo entre ambos os lados levou a que este abandonasse a ideia. acabou por ser o produtor David Heyman quem decidiu adaptar os livros ao grande ecrã, apresentando a proposta à Warner Brothers.

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A produtora norte-americana assumiu que a escritora recusara as propostas por questões monetárias e aumentou o valor oferecido pelos direitos, mas Rowling queria também assegurar que possíveis sequelas fossem todas baseadas nos seus livros.

“Não queria dar-lhes [Warner Brothers] qualquer controlo sobre o resto da história”, disse a escritora numa entrevista, citada pelo mesmo jornal britânico. “Por isso, disse-lhes que se estivessem preparados para dar garantias de que as sequelas seriam todas minhas, podíamos negociar.”

Rowling acabou por manter influência criativa nos filmes — mesmo após a venda dos direitos por um milhão de libras — participando nas reuniões de pré-produção e lendo todos os esboços do guião.

“Tenho sido aberta e direta sobre o que gosto ou não gostaria de ver”, disse à Entertainment Weekly. “O controlo não é meu. As pessoas não gostam quando um escritor vem e tenta gerir a produção. É por isso que compraram os direitos para os meus livros: controlo.”

Já Cristopher Little, agente de J.K. Rowling, admitiu numa entrevista em 2000 que esta tinha uma quantidade impressionante de influência no filme: “[Rowling] tem mais controlo do que possivelmente qualquer outra pessoa alguma vez teve neste mundo”, cita o jornal Telegraph.

“Harry Potter é algo que estranhamente nos representa — é culturalmente britânico”, afirmou o líder da Comissão Britânica de Cinema, Steve Norris.

Também a escolha do ator para representar Harry Potter foi alvo de um intenso escrutínio: mais de 40 mil crianças foram a audições. A decisão final coube a Chris Columbus, realizador dos dois primeiros filmes da saga, que quis escolher Daniel Radcliffe desde o início.

Columbus assegurou a Rowling que todos os atores escolhidos seriam britânicos. “E mantive essa decisão”, disse à ABC News.

Isto implicou que tivessem sido recusadas estrelas de Hollywood, como foi o caso de Robbin Williams — fã de Harry Potter — que ligou a Columbus para tentar ficar com o papel de Hagrid, e mais tarde do Professor Lupin. Tim Roth foi escolhido para representar o papel de Severus Snape, mas acabou por recusar, tendo sido escolhido Alan Rickman.

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Uma atriz americana acabou por entrar no filme: a filha do realizador, Eleanor Columbus. Porém, não tinha nenhuma fala que denunciasse as suas origens, representando a personagem de Susana Bones.

Rowling também manteve controlo sobre o merchandise da saga e, alegadamente, praticava uma taxa de royalties entre os 15% e os 20%.

Devido à rigidez de Rowling, os filmes mantiveram a identidade britânica dos livros. “Manter tudo britânico foi um grande feito”, disse a Jonathan Ross.