Morreu Alan Rickman, um dos mais famosos atores britânicos da sua geração. Um comunicado divulgado esta quinta-feira pela família, citado pela BBC, refere que o ator “morreu de cancro” rodeado “por familiares e amigos”. A notícia foi também confirmada pela agência londrina Independent Talent Group ao New York Times. Rickman tinha 69 anos.

No Twitter, já começaram a surgir as primeiras reações à morte do ator, conhecido por personagens como Hans Gruber, do filme Assalto ao Arranha-Céus (Die Hard), ou Severus Snape, dos filmes de Harry Potter. James Phelps, que interpretou a personagem Fred Wesley na adaptação da saga de J.K. Rowling, disse estar “chocado e triste”. “Um dos atores mais simpáticos que já conheci. As minhas orações e pensamentos vão para a sua família”, acrescentou.

Na mesma rede social, Stephen Fry admitiu estar “desesperadamente triste com as notícias sobre Alan Rickman”, que descreveu como sendo “um homem com tanto talento, com um charme perverso e com uma presença assombrosa em palco e no grande ecrã”. O ator David Morrissay mostrou-se também triste pela notícia da morte de Rickman, “um ator maravilhoso e um homem adorável” e Eddie Izzard escreveu: “Não quero que os meus heróis morram“.

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Também J.K. Rowling, autora de Harry Potter, utilizou o Twitter para reagir à morte de Rickman. “Não existem palavras para expressar o quão chocada e devastada estou por saber da morte de Alan Rickman. Era um ator magnífico e um homem maravilhoso”, afirmou a escritora britânica. “Os meus pensamentos estão com a Rima e o resto da família do Alan”, escreveu noutro tweet, referindo-se à mulher do ator. “Perdemos um grande talento. Eles perderam parte dos seus corações.”

A atriz Emma Watson também já reagiu à morte do ator. Através do Facebook, disse sentir-se muito “sortuda por ter trabalhado e passado tempo com um homem e um ator tão especial”. “Vou ter saudades das nossas conversas”, acrescentou.

Um ator com um “charme singular e carisma hipnótico”

Alan Sidney Patrick Rickman nasceu a 12 de fevereiro de 1946 em Londres, no Reino Unido. A sua carreira como ator começou no final dos anos 70, depois de ter concluído os estudos na Royal Academy of Dramatic Art (RADA). Começou por trabalhar como ator em pequenas companhias de teatro experimental, participando em peças como “A Gaivota”, de Anton Chekhov, ou “A Janela de Erva”, de Snoo Wilson. Em 1978, ganhou o primeiro papel numa peça de William Shakespeare, encenada pelo Court Drama Group. Mais tarde, entrou para a Royal Shakespeare Company, da qual fazia ainda parte.

Antes de se estrear no grande ecrã, participou em várias séries de televisão durante a década de 80, como Smiley’s People e The Barchester Chronicles, uma adaptação da BBC do romance de Anthony Trollope Barchester Towers. A fama internacional só chegou aos 44 anos, depois da participação no filme Assalto ao Arranha-Céus (1988), no qual contracenou com o ator Bruce Willis.

Com uma voz inconfundível, um “charme singular” e um “carisma hipnótico”, como escreveu o Guardian, o ator ficou conhecido por encarnar vilões. Em 1991, interpretou o “odioso” Xerife de Nottingham em Robin dos Bosques e, em 1995, o místico Grigori Rasputin, numa aclamada série da HBO. No mesmo ano, mostrou um lado mais sensível em Sensibilidade de Bom Senso, uma adaptação do romance de Jane Austen. No filme, Rickman interpretou o papel do Coronel Brandon, que se apaixona pela jovem Marianne (Kate Winslet).

A participação na saga Harry Potter, entre 2001 e 2010, onde interpretou o professor de Poções Severus Snape, valeu-lhe uma legião de fãs em todo o mundo. Apesar de ter participado em dezenas e dezenas de filmes, peças de teatros e séries de televisão, o ator britânico nunca viu o seu trabalho recompensado por Hollywood. Ganhou um Globo de Ouro, um Emmy, um BAFTA e muitos outros prémios, mas nunca um Óscar.

Para além do trabalho como ator, Alan Rickman destacou-se também como ativista, político e social. “Os atores são agentes de mudança. Um filme, uma peça de teatro, uma peça musical ou os livros — todos podem fazer a diferença e mudar o mundo”, disse em 2008.